São Paulo, quarta-feira, 27 de dezembro de 1995 |
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Corinthians necessita de um artilheiro
ALBERTO HELENA JR.
Basta lembrar que o Palmeiras, ao perder Evair, mesmo mantendo um elenco de primeira linha, não mais conseguiu tocar nem uma taça sequer, embora rondasse o nicho de várias, em 95. Já o tricolor simplesmente desabou de vez por não segurar Bentinho. Com Bentinho, embora a defesa fosse uma peneira, ao menos, o São Paulo manteve a dignidade de um ex-campeão. Sem ele, nem isso. É bem verdade que o São Paulo atingiu o Olimpo, há três, quatro temporadas, sem um centroavante fixo, um artilheiro nato. Mas aquele time bicampeão do mundo era uma exceção no seu jeito de jogar, que permitia distribuir a artilharia entre Raí, Cafu, Palhinha etc. O próprio Corinthians é o exemplo mais recente: com Viola, ainda que não repetindo as brilhantes atuações de antes da Copa, foi campeão paulista e da Copa do Brasil. Sem Viola, nem pôde sonhar com as semifinais do Brasileirão. Pois bem: o Palmeiras trouxe Luizão, e o São Paulo foi buscar o goleador Valdir. Dois jovens, mas suficientemente experimentados para garantir o mínimo de agressividade aos ataques desses times. Luizão, revelado pelo Guarani, explodiu ao lado de Amoroso, há dois anos, refluiu e, já no Brasileirão, começou a dar sinais de recuperação. Enfiado entre Djalminha e Rivaldo, e estimulado pelos fluidos poderosos da tradicional camisa verde, por certo, haverá de se reencontrar com o gol. Já Valdir, de estilo mais fluido do que Luizão, combina bem com o perfil do São Paulo de Telê, um time que se pretende veloz e leve nos contragolpes. Mas, e o Corinthians? Trouxe o veterano João Paulo, é verdade, e sonha com Edmundo. João Paulo foi um dos mais endiabrados pontas que vi jogar, sobretudo no seu período inicial de Guarani. Foi para a Itália, ganhou maior agressividade, sofreu uma lesão grave, e nunca mais foi o mesmo. Voltou para a Ponte, passou pelo Vasco como um fantasma, e recuperou-se no Goiás, como um meia-ponta. Cai bem no meio-campo desse Corinthians, que precisa de mais experiência no setor para disputar a Libertadores, pois Souza parece ter caído naquela zona cinzenta da indefinição. Quanto a Edmundo, que dizer? Sabe jogar; talvez, saiba viver. Não sabe é conviver com a fama, a crítica, os companheiros e os dirigentes. Mas, ainda que venha a fazê-lo no Parque, não é um goleador emérito. Isso, ele mesmo admite. Ao corintiano, pois, só resta esperar que, na segunda rodada do jogo das contratações, cumprindo sua sina, o Corinthians dê uma de suas célebres viradas, e conquiste um fazedor de gols. Aí, sim, pode sonhar com a Libertadores e o céu. Texto Anterior: Torcedores aguardam vinda com desconfiança Próximo Texto: Escrito nas estrelas Índice |
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