São Paulo, quinta-feira, 28 de dezembro de 1995
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Assessores se divertem em cidade vazia

DANIELA PINHEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Brasília já está em clima de abandono. Os ministros deveriam estar trabalhando. Mas, em 24 ministérios, a Folha encontrou ontem apenas oito ministros.
Os parlamentares estão de recesso até 8 de janeiro, início da convocação extraordinária. Seus assessores e secretários estão aproveitando para resolver problemas pessoais ou simplesmente se divertir nos computadores do Congresso Nacional.
A secretária do gabinete do deputado Augusto Carvalho (PPS-DF), Regina Célia Rodrigues, 24, assistia ontem o programa infantil "TV Colosso" e esperava o telefone tocar.
"Ninguém chamou. Normalmente atendemos 20 ligações por dia", disse. Seu colega, o assessor Arildo Dória, 62, lia jornal. Ele foi à Câmara de sandália de couro: "Essa época é boa porque dá para a gente tirar a fantasia".
"Já fiz tudo o que tinha que fazer", disse, em camiseta para fora da calça jeans.
Também ligado nos joguinhos, o secretário Marciley Queiroz, 21, do deputado Sílvio Abreu (PDT-MG), tentava percorrer um labirinto virtual.
Era a pausa de sua atividade do dia: assinar 28 mil cartões de boas festas, endereçados a eleitores, em nome do deputado. "Ele rubricou aqui no papel e pediu para a gente copiar. Ele não tem tempo para esse trabalhão."
Essa "folga inerente" dos funcionários permitiu até visitas de parentes. João Batista Leal, 43, assessor do deputado Nilson Gibson (PSB-PE), levou seis parentes de Uberaba (MG) para conhecer o Parlamento. "Nas férias, é a única oportunidade que eles têm", disse.

Estavam em Brasília ontem os ministros: Clóvis Carvalho (Casa Civil), Lélio Lobo (Aeronáutica), José Eduardo de Andrade Vieira (Agricultura), Benedito Leonel (Emfa), Gustavo Krause (Meio Ambiente), Raimundo Brito (Minas e Energia), Paulo Paiva (Trabalho) e Odacir Klein (Transportes).

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