São Paulo, quinta-feira, 28 de dezembro de 1995 |
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Cinema comemora hoje seu centenário
AMIR LABAKI
A grande homenagem aos Lumière acontece a partir das 18h30 (13h30 no Brasil) numa tela gigante, de trinta metros de base, montada sobre a Colline de Chaillot, no 16º bairro. Dois programas se alternam. "Planeta Lumière" reúne 28 curtas rodados pelos operadores Lumière enviados mundo afora na aurora do cinema. Compõem a seleção oito planos filmados na França (Lyon e Paris, entre outras cidades), dois no Egito, EUA, Grã-Bretanha, Japão, Itália e México e um na Alemanha, Argélia, Cambodja, Israel atual (Jerusalém), Rússia, Suécia, Turquia e Vietnã. A outra atração é estréia de honra do dia: a telessérie "Lumière e Companhia". Quarenta cineastas de 18 países foram convidados a rodar um pequeno filme à moda Lumière. Os diretores utilizaram câmeras originais restauradas pelo Museu de Cinema de Lyon e pela Cinemateca de Toulouse, com filme original e a mesma emulsão química. Submeteram-se a condições idênticas aos dos primeiros operadores, trabalhando sem iluminação elétrica, sem som direto e limitados a um único plano de 50 segundos. Um bom exemplo do que será visto hoje em Paris foi dado à Folha, durante entrevista em Tóquio em novembro último, por um dos cineastas convidados, Yoshishige Yoshida. "É um plano único com câmera parada", explicou o diretor de "Eros ' Massacre" (1969). "Vou começar com um espelho à frente da objetiva, refletindo a câmera e o operador. Movo o espelho, a imagem vai mudando e revela atrás Hiroshima. Quero mostrar que posso mover a câmera sem movimentá-la", concluiu Yoshida-san. Na região mesma onde a primeira sessão ocorreu, área dos grandes boulevares, no nono bairro, atrás da Ópera de Paris, as grandes salas de cinema festejam "os primeiros espectadores do segundo século do cinema". Nove filmes inéditos terão pré-estréia simultâneas às 22h (17h) nos cines Gaumont Français, Gaumont Impérial, Grand Rex, Max Linder, Paramount Ópera, Rex e UGC Ópera. Ironia suprema, são cinco produções americanas contra quatro francesas. Os escolhidos do primeiro grupo foram "Dead Man" de Jim Jarmusch, "Cutthroat Island" de Renny Harlin, "Flirt" de Hal Hartley, "Mentes Perigosas" de John Smith e "Seven, Os Sete Crimes Capitais" de David Fincher (os dois últimos já lançados no Brasil). A seleção gaulesa é "Não Se Esqueça Que Você Vai Morrer" de Xavier Beauvois, "Pourvu Que Ça Dure" de Michel Thibaiud, "XY Drôle De Conception" de Jean-Paul Lilienfeld e "Confidences à Un Inconnu" de Georges Bardawil (com William Hurt e Sandrine Bonnaire). Também americano é o filme escolhido pelo festival de filmes restaurados CinéMemóire para a sessão especial de hoje às 20h (15h): nada menos que "Intolerância" (1916) de David Wark Griffith. O genial afresco sobre a história da humanidade será acompanhado pela partitura contemporânea de Pierre Jansen e Antoine Duhamel executada pela Orquestra Nacional de ×le-de-France, sob a regência de Jacques Mercier. Um pouco antes, às 18h15, a Cinemateca Francesa estará encerrando a "Cinemaratona" do centenário. Durante 24 horas, desde as 18h de ontem, a sala no Palácio de Chaillot exibe todos os títulos da prestigiosa telessérie difundida mensalmente pela TV por assinatura Arte, "Cinéma, de Notre Temps", dirigida por Janini Bazin e André S. Labarthe. Os cineastas homenageados são Jean Renoir, Abbas Kiorastami, Eric Rohmer, Budd Boetticher, Jacques Rivette, Claude Chabrol, David Lynch, Manoel de Oliveira, Martin Scorsese, Pier Paolo Pasolini, Shohei Imamura, Josef von Sternberg, Alain Cavalier, além de programas sobre a turma da "nouvelle vague" e o fundador da cinemateca, Henri Langlois. Também desde ontem, as principais salas de cinema francesas estão exibindo antes de cada sessão um curta-metragem especial, "Créditos do Segundo Século do Cinema", realizado por Philippe Truffault. O cinema, que surgiu curta, curta renasce. LEIA MAIS sobre cem anos de cinema às págs. 5-3 e 5-6 Próximo Texto: Coluna Joyce Pascowitch Índice |
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