São Paulo, quinta-feira, 28 de dezembro de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Visconti filma mal-estar da sofisticação
CÁSSIO STARLING CARLOS
Esta versão que a Record começa a exibir hoje traz na íntegra as quase cinco horas filmadas pelo italiano em 72 e restauradas por seus assistentes após sua morte. "Ludwig" acabou se transformando no mais turbulento trabalho de Visconti. Para reconstituir a tragédia do jovem rei, o diretor reuniu uma trupe de atores de seu círculo habitual (Helmut Berger, Romy Schneider e Silvana Mangano à frente), 12 milhões de marcos alemães e partiu para locações nos castelos que Ludwig mandou construir na Baviera. Em meio às dificuldades de produção e às brigas com o elenco, Visconti sofreu um infarto que provocou a redução de sua produtividade nos anos seguintes. Mesmo com tantos problemas, a ambiguidade do olhar do nobre e marxista Visconti frente aos seres decadentes ainda é o ponto forte de "Ludwig". Não há complacência neste olhar, mas também não há condenações históricas, como as de "Os Deuses Malditos". No fundo o que salta à vista neste longuíssimo drama é a paixão comum pelas formas estéticas em processo de extinção. Pela ópera, por Ludwig e pelo cinema que eleva os detalhes a uma dimensão inaudita, por Visconti. Já que o ritmo lento aqui é a obediência à regra da contemplação, resta ao espectador, se interessado, não resistir. Texto Anterior: CLIPE Próximo Texto: Kazan encontra a nova América Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |