São Paulo, quinta-feira, 28 de dezembro de 1995
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Acaba entrega da Cisjordânia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Israel concluiu ontem a entrega das cidades da Cisjordânia aos palestinos. A cidade de Ramallah, ocupada desde 1967, passou para a administração da Autoridade Nacional Palestina às 15h (11h em Brasília).
Ramallah era a última das seis cidades da Cisjordânia incluídas no acordo de paz de Washington que ainda não havia sido devolvida. Os israelenses cumpriram sua promessa de efetuar a retirada antes do final do ano.
Como nas outras cidades, os israelenses se retiraram rapidamente, após a passagem da administração militar, para evitar represálias dos palestinos. Mesmo assim, a população jogou pedras e garrafas nos jipes que partiam.
"Por anos sonhamos com o dia em que não controlaríamos outros povos", disse o ministro de governo israelense Yossi Beilin.
Ramallah é uma das mais importantes cidades da Cisjordânia, por sua proximidade com Jerusalém (12 km) e por ser um importante centro econômico e político.
O acordo de paz, firmado em setembro, previa ainda a entrega de Jenin, Nablus, Tulkaram, Qalqilia e Belém. Jericó e a faixa de Gaza já estavam sob administração palestina.
Estima-se que 134 mil palestinos ainda permaneçam sob o governo de Israel -94 mil em Hebron e 40 mil em aldeias próximas a Jerusalém. A Autoridade Nacional Palestina governa 2 milhões de pessoas.
Israel anunciou ontem também a libertação de cerca de mil prisioneiros palestinos. Mas o Exército disse que eles serão soltos apenas na próxima semana.
O comandante israelense na Cisjordânia, Gabi Ofir, pediu aos palestinos que zelem pela segurança dos judeus que vivem nos arredores de Ramallah.
O porta-voz militar de Israel, Shlomo Dror, disse que ainda há riscos de extremistas sabotarem o acordo de paz. Para Dror, o período mais difícil será o das eleições palestinas, marcadas para dia 20. "Quem não participar das eleições tentará fazer alguma coisa".
Ele se referia em especial ao Hamas (Movimento de Resistência Islâmico), que já anunciou que boicotará as eleições.
Ontem, o grupo conquistou por antecipação uma cadeira no Conselho da Palestina.
O presidente da Autoridade Nacional, Iasser Arafat, indicou o xeque Akhmed Iassin, ideólogo do Hamas, para participar da assembléia. Arafat tem o direito de indicar cinco deputados.
A polícia palestina prendeu o jornalista Maher al Alami, diretor do "Al Quds", o maior jornal palestino. Ele foi detido por não ter publicado texto sobre a ida de Arafat a Belém. Segundo Israel, ele foi preso em Jerusalém, que está fora da autoridade palestina.

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