São Paulo, sexta-feira, 29 de dezembro de 1995
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Cesta básica bate recorde do Real

EDUARDO BELO
DA REPORTAGEM LOCAL

A cesta básica quebrou ontem o recorde de preços do Plano Real. O valor chegou a R$ 109,88, com alta de 0,89% no dia. Em dezembro, o aumento foi de 3,66%, o maior do ano.
Na média do mês, o custo da cesta básica para os paulistanos, segunda pesquisa do Procon e do Dieese, foi de R$ 106,86.
Apesar da forte variação, a cesta encerrou 1995 -não há mais pesquisa este ano- só 3,27% acima do início do plano (R$ 106,40).
No ano, o aumento ficou em 6,97% (contra inflação de 23% projetada pela Fipe). Os alimentos seguraram a média. Com peso de quase 80% sobre o índice, esse segmento subiu 3,35% em 1995. Os demais itens aumentaram mais: 23,08% dos artigos de higiene pessoal e 24,97% dos de limpeza.
Em dezembro, a situação se inverteu. As principais altas partiram dos alimentos. O grupo registrou reajuste de 4,09% -contra 2,61% dos artigos de limpeza e 1,40% dos de higiene.
O feijão tornou-se o vilão da história, com 43,48% de aumento nos preços médios entre a última semana de novembro e o mesmo período de dezembro.
Produtos hortigranjeiros com problemas de oferta devido à época do ano ocuparam as posições seguintes: cebola (24,44%), alho (15,17%) e batata (14,29%).
A concentração de vendas dos supermercados no final do ano puxou os aumentos, afirma Firmino Rodrigues Alves, vice-presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas).
O arroz (alta de 7,72% no mês), por exemplo, nunca vendeu tanto numa época como essa, diz Rodrigues Alves.
O aquecimento do consumo é a causa provável apontada também pelo economista Wilson Amorim, técnico do Dieese.
"Se você olha as pesquisas de emprego e desemprego do Seade/Dieese, percebe que o pessoal de renda mais baixa teve aumento real de 20% a 22% nos salários, em relação a 1994, diz. "Esse pessoal, quando tem um aumentinho, sai comprando gêneros de primeiríssima necessidade.
Tendência
Essa tendência, segundo Amorim, foi reforçada pelo pagamento do 13º salário no dia 20.
Rodrigues Alves aponta na mesma direção. Ele afirma que o movimento nos supermercados foi mais intenso entre o dia 21 e o Natal. Tanto que o varejo ficou praticamente sem estoques para esta semana.
Há uma boa dose de especulação nesses reajustes, comenta Antônio Lins, técnico do Procon para o programa de cesta básica. "O aumento do arroz é exagerado, causou espanto. O governo tem muito estoque do produto.
O economista também considera estranho o comportamento do feijão -apesar da seca prolongada nos Estados produtores do Sul.
O resultado de dezembro também sofreu os efeitos da alta generalizada dos produtos. "Só três produtos tiveram queda no mês, diz Lins. Os três têm a mesma origem: carne de primeira (-1,72%), carne de segunda (-5,49%) e queijo mozarela (-1,55%).
A carne, em queda desde o início do ano, contribuiu para que a cesta não subisse mais.

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