São Paulo, sexta-feira, 29 de dezembro de 1995
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Enchente faz americanos deixarem acampamento da Otan na Croácia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Soldados norte-americanos da Otan tiveram de deixar às pressas ontem seu acampamento em Zupanja, cidade croata na fronteira com a Bósnia, por causa das inundações no local.
Os soldados estão na cidade para construir uma ponte sobre o rio Sava, que separa a Croácia da Bósnia. Pela ponte, devem passar entre 40 mil e 60 mil soldados da Otan que participaram da missão de fiscalização do acordo de paz na região. A construção da ponte deve ser atrasada.
Horas antes, um soldado croata causou um susto no acampamento dos americanos ao disparar 30 tiros para o ar, nas proximidades.
O soldado disse que fez os disparos "festivamente", e prometeu não repetir a ação.
As enchentes fizeram ainda com que a Itália adiasse a chegada de 212 militares seus que iam de barco para o país. Os soldados foram para o porto de Brindisi.
A poucos quilômetros da Bósnia, sob sol, chegou ontem a Belgrado (capital da Sérvia) o general George Joulwan, comandante da Otan na Europa.
Foi a primeira vez que um avião da Otan pousou na Iugoslávia (Sérvia e Montenegro, que mantêm o nome do antigo país).
A paz foi negociada pelo governo muçulmano da Bósnia, pela Croácia e pela Sérvia, em nome dos sérvios da Bósnia. A Bósnia continuará unida, mas contendo uma entidade muçulmano-croata e outra sérvia.
A principal recompensa da Sérvia para negociar o plano foi o fim do embargo mundial. Ontem, os EUA derrubaram o embargo contra a Sérvia e Montenegro.
O presidente Bill Clinton advertiu que as sanções podem ser impostas novamente caso os termos do acordo sejam desrespeitados.
A Rússia, mais poderosa aliada dos sérvios, também normalizou as relações comerciais com o país -embora tenha mantido as sanções contra os sérvios da Bósnia.
Joulwan disse estar satisfeito com os rumos da implantação da paz. Na noite de anteontem, os sérvios e muçulmanos cumpriram o acordo e se retiraram da linha de fogo nos arredores de Sarajevo.
O presidente da Bósnia, Alija Izetbegovic, disse estar convencido de que a paz será duradoura -a grande questão sobre a guerra da Bósnia, após o acordo firmado em Dayton (Ohio, Estados Unidos) no mês passado.
"Estamos felizes que a paz tenha chegado afinal, mas avaliamos que será uma paz fria e amarga", disse Izetbegovic.
O ministro da Defesa da França, Charles Millon, admitiu ontem que os dois pilotos franceses capturados pelos sérvios da Bósnia durante um bombardeio da Otan foram espancados e submetidos a pressão psicológica.
Eles foram libertados no dia 12, depois de ficarem detidos pelos sérvios por 104 dias.

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