São Paulo, sábado, 30 de dezembro de 1995
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Filmes revelam imagens desconhecidas do NE

JOSÉ GERALDO COUTO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se o "Tieta" de Cacá Diegues e a refilmagem do clássico "O Cangaceiro" por Anibal Massaini são mais ou menos previsíveis, alguns dos novos filmes ambientados no Nordeste devem revelar imagens e histórias pouco conhecidas.
Um dos projetos mais originais é "For All", o da dupla Luiz Carlos Lacerda-Buza Ferraz: uma comédia ambientada em Natal (RN) durante a Segunda Guerra, quando lá se instalou uma grande base militar norte-americana.
"Imagine só: a população local era de 40 mil pessoas. De repente, chegaram 15 mil norte-americanos, com sua língua, sua cultura, seus chicletes e enlatados", diz o diretor Lacerda. "O impacto deixou marcas e lembranças até hoje na cidade."
Segundo ele, toda a nata do show business americano passou por Natal na época, de Glenn Miller a Humphrey Bogart, de Tommy Dorsey a Al Jolson.
O título se refere à suposta origem da palavra "forró". Segundo Lacerda, havia espetáculos e bailes fechados na base americana. Só no domingo a festa era "for all" (para todos).
O filme está orçado em R$ 4,8 milhões, devido aos custos da reconstituição de época e da realização de uma versão em inglês, visando a entrada do filme no mercado internacional.
"Baile Perfumado", por sua vez, vira de cabeça para baixo a imagem tradicional do cangaço: acompanha a trajetória do mascate e cineasta libanês Benjamin Abrahão, que nos anos 30 filmou Lampião e seu bando em momentos de descontração.
Um Lampião indolente e vaidoso, que gostava de vinho do porto e perfume francês.
Já "Corisco e Dadá" procura contar a história do casal de cangaceiros "numa dimensão trágica, tão bonita quanto a história de Romeu e Julieta ou a de Abelardo e Heloísa", segundo seu diretor, Rosemberg Cariry.
Também "O Sertão das Memórias", de José Araújo, foge do lugar-comum. É, no dizer do diretor, "um filme épico-poético".
Ao longo da peregrinação de uma mulher do sertão que volta do litoral para o interior, a história da região é transfigurada pelos mitos populares da região Nordeste do país.
Rodado em preto-e-branco, em planos longos, o filme utilizou atores não-profissionais, entre eles os pais do diretor.
(JGC)

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