São Paulo, quinta-feira, 2 de fevereiro de 1995
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Incra toma posse de fazenda da Petrobrás

MARCOS MEIRELLES
DA FOLHA VALE

A primeira imissão de posse para assentamento de sem-terra do novo governo federal está prevista para hoje, às 10h, em Tremembé (139 km a nordeste de São Paulo).
O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) vai tomar posse de uma fazenda de 15,73 milhões de metros quadrados, que pertencia à Petrobrás.
A área foi invadida em fevereiro de 1994, por cem famílias de sem-terra.
O presidente do Incra, Marcos Lins, e o novo superintendente do instituto em São Paulo, Miguel Arbech, devem estar presentes à cerimônia.
Segundo avaliação das imobiliárias de Tremembé, o metro quadrado da área vale R$ 15. A área total foi avaliada em R$ 235 milhões.
O Incra anunciou ontem as primeiras medidas que serão tomadas após a imissão de posse.
O instituto vai providenciar a liberação de máquinas para arrancar os eucaliptos da fazenda e cobrar da Prefeitura de Tremembé a retirada do lixão existente na fazenda.
O prefeito de Tremembé, Antonio Carlos Pereira, 40, afirmou que a retirada do lixão é "inviável e precipitada". Ele pretende questionar a direção do Incra durante o ato de imissão de posse.
A medida mais esperada pelos sem-terra acampados na fazenda é a liberação das máquinas para arrancar os eucaliptos para que as famílias possam iniciar o plantio da terra.
Sem conseguir plantar, muitos sem-terra procuraram "bicos" na região. Os coordenadores do acampamento avaliam que 60% dos adultos estão vivendo de serviços temporários em Tremembé.
As famílias que invadiram o local estão morando em barracos espalhados ao longo das estradas que cortam a fazenda.
Segundo Tereza Rafael Saturnino, 55, os barracos estão distribuídos de maneira a impedir a invasão da área por pessoas estranhas ao movimento.
Tereza é uma das coordenadoras dos oito grupos de famílias criados pelos sem-terra para organizar o acampamento.
A situação das famílias é de penúria. Faltam alimentos, roupas e remédios. As doações de entidades e instituições se tornaram escassas depois que diminuiu o impacto político da invasão.
As condições de moradia também são precárias. Os barracos atuais, construídos por meio de mutirões, são feitos de pau-a-pique. A madeira vem dos eucaliptos. A cobertura geralmente ainda é feita com plásticos.

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