São Paulo, quinta-feira, 2 de fevereiro de 1995 |
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Mangueira quer rock no samba
LUÍS ANTÔNIO GIRON
O grupo foi convidado ontem a participar de uma festa na quadra da escola de samba pelo presidente da Famerj (Federação das Associações do Moradores do Estado do Rio), Roberval Uzêda, 30. A federação é a entidade representativa das 1.460 favelas do Estado. Uzêda procurou a produção do grupo no hotel Intercontinental. Conversou com o chefe da produção brasileira, Ivan Kushlick, e deixou um bilhete para Jagger. "Queridos amigos da banda Rolling Stones, obrigado por vocês provarem aos megaempresários da mídia brasileira que o Rio de Janeiro é uma cidade possível de se viver sem a violência divulgada lá fora; nós, favelados, te amamos", diz o texto. "Fui procurado no último sábado por assessores da banda porque Mick Jagger demonstrou interesse de conhecer seu público, ou seja, 80% favelados", diz Uzêda. Morador da favela da Muzema, na Barra da Tijuca (zona sul), Uzêda foi falar com os moradores da Mangueira. Segundo ele, dona Zica, matriarca da escola de samba, ficou contente, mas perguntou: "Será que o Jagger sabe sambar?" Uzêda já comprou 300 quilos de alimentos para a ocasião: feijão, arroz, toucinho, orelha e pé de porco e farinha. Dependendo do tempo dos músicos, Uzêda pode levá-los a fazer um "sightseeing" pelas 15 principais favelas. A festa terá saudação da bateria da escola e discurso de Uzêda. "Queremos mostrar aos Stones os problemas e pedir que a banda seja nossa porta-voz junto ao governo americano para que alertem que o dinheiro que ele diz ter enviado nunca chegou nas nossas mãos". Depois, haverá exibição de capoeira, samba, macumba, umbanda, kardecismo e testemunhas de Jeová. O samba-enredo da escola poderá dar início ao almoço. Texto Anterior: Gerente do grupo critica Rita Lee Próximo Texto: Acidente em estrada mata 16 e fere 12 Índice |
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