São Paulo, quinta-feira, 2 de fevereiro de 1995
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Editora da 'Collezioni' elogia moda carioca

JOÃO BATISTA DE ABREU
EDITORA DA 'COLLEZIONI' ELOGIA MODA CARIOCA

A editora de moda da revista italiana "Collezioni", Silvana Fanti, 29, esteve no Rio no último fim-de-semana, para acompanhar o 1º Festival de Moda Praia do Rio de Janeiro. A convite da Prefeitura da cidade, organizadora do festival, ela passou duas noites na praia de Ipanema, local do desfile.
Fanti já esteve no Brasil em novembro do ano passado, para um especial sobre moda São Paulo, publicado na última edição da revista.
Fanti disse que gostou muito do que viu em Ipanema durante os desfiles, mas se disse também encantada com a moda das vitrines e, principalmente, com a moda de rua da cidade. A jornalista também atribuiu a boa fase da moda paulista à originalidade de nossos estilistas.
Em entrevista à Folha, Fanti comentou os desfiles na praia e disse que só não gostou do final, quando as modelos apareceram com folhagens na cabeça, sob a forma de cocares. "Este é o tipo de clichê que não acrescenta nada à imagem da moda brasileira no exterior". Leia a seguir os principais trechos da entrevista.

Folha - A sra. já teve oportunidade de ver a moda carioca? Tem algum nome no qual está interessada ou ouviu falar?
Silvana Fanti - Gostei muito do desfile de roupas de praia, pelo colorido das peças e a graça dos modelos. Cheguei sábado à cidade, mas pude perceber que a moda carioca é muito fresca, imediata e jovem. Existe um senso forte de fantasia, de imaginação. Estive em dois shoppings e constatei este bom gosto. Fiquei fascinada com a beleza do corpo dos cariocas. Tenho uma série de nomes de estilistas para visitar aqui no Rio, como fiz em São Paulo.
Vi vitrines com roupas de algumas grifes, mas prefiro não citar nada por enquanto. Quero conhecer tudo sobre a moda carioca; não só aquela que vejo nas passarelas, mas também a moda de rua, a que o carioca usa do dia-a-dia.
Folha - Qual foi sua impressão da moda paulista?
Fanti - Fiquei surpresa com a moda de SP. Não é o clichê que as pessoas imaginam na Europa. Os estilistas que conheci estão começando a construir uma carreira própria. Espero que a moda paulista incorpore elementos da cultura brasileira que não sejam clichês. Para a Itália, o Brasil é um país distante e o que chega lá é uma moda apenas com motivos de mar. Fiquei surpresa. Vi que o país não é só isso.
Folha - De quem mais gostou em São Paulo?
Fanti - Não posso destacar nenhum dos sete estilistas que conheci. Cada um, dentro do seu estilo, mostrou um trabalho interessante.
Folha - A sra. tem planos de vir para os desfiles do Phytoervas Fashion, em SP?
Fanti - Fiquei sabendo do evento através de um dos estilistas de SP, mas infelizmente terei que ir embora devido a compromissos profissionais que assumi em Roma. Além do mais, a revista em que trabalho não recebeu nenhum convite oficial em tempo hábil.
Folha - Como a senhora vê a moda hoje?
Fanti - Estamos começando uma nova era. A moda passou por um momento ruim, mas agora atravessamos um momento de maturidade. Até pouco tempo atrás, importantes estilistas internacionais, como Jean Paul Gaultier, Romeo Gigli, Karl Lagerfeld e Giorgio Armani ditavam a moda, impunham um estilo. Acho que as pessoas se cansaram um pouco disso e deram um basta. Para sabermos como será a moda desta nova temporada a que me refiro, é preciso olhar para os jovens, saber o que eles estão usando. São eles que vão inspirar as novas criações.
Folha - Como está a Itália dentro do panorama da moda internacional?
Fanti - Hoje estamos fazendo uma moda que me agrada cada vez mais e é importante que a Itália mantenha a criatividade. A grande riqueza do país é sua cultura, sua história. Este é o capital de que a Itália dispõe para se manter no topo da moda.
Folha - O interesse em torno do mundo da moda hoje, na sua opinião, é passageiro ou veio para ficar?
Fanti - Quem sabe? Por favor, não quero deixar a impressão de dar uma resposta esnobe, mas no mundo da moda é difícil fazer previsões porque as coisas mudam muito rapidamente.

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