São Paulo, quinta-feira, 2 de fevereiro de 1995
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Rabello relê obra de Dilermando Reis

PAULA MEDEIROS DE OLIVEIRA
DA REDAÇÃO

Show: Raphael Rabello e convidados
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, tel. 011/864-8544)
Quando: de hoje a domingo
Horário: de quinta a sábado, às 21h, domingo, às 20h
Preço: R$ 10 (usuários), R$ 9 (usuários com carteirinha) e R$ 5 (comerciários e estudantes)

A partir de hoje e em quatro shows, Raphael Rabello e seu violão prestam homenagem a um dos maiores violonistas que o país já teve: Dilermando Reis (1916- 1977).
A homenagem não chega a ser uma surpresa. Ano passado, Rabello lançou, pelo selo RGE, o disco "Relendo Dilermando Reis".
Nos shows, Raphael Rabello vai mostrar essa releitura da obra de Dilermando.
No repertório serão lembradas músicas como "Abismo de Rosas", "Sons de Carrilhões", "Uma Valsa e Dois Amores", "Até Pensei" e "Se Ela Perguntar" (a valsa predileta de Juscelino Kubitschek), entre outras.
JK era admirador ferrenho de Dilermando e um apaixonado por valsas e serestas. A admiração era recíproca.
Dilermando gravou um disco só com composições suas em homenagem à nova capital, chamado "Brasília" (a valsa "Se Ela Perguntar" está neste disco), e deu aulas de vilão para o presidente e suas filhas.
Segundo o produtor do espetáculo, J.C. Botezelli, essa vai ser uma das raras oportunidades para se ouvir, claramente, o som puro do violão de Raphael Rabello, "considerad hoje um dos maiores violonistas do mundo".
Na verdade, a homenagem também se estende a outros três grandes compositores e instrumentistas da música brasileira.
Dois deles, Tom Jobim (1927-1994) e Radamés Gnatalli (1906-1987), fariam aniversário em janeiro. E, fechando a trinca, Aníbal Augusto Sardinha, o Garoto (1915-1955), que completaria 80 anos em 1995.
Para dividir a responsabilidade, Rabello convidou Angela Maria para acompanhá-lo nos shows de hoje e amanhã. Essa é a primeira vez que os dois trabalham juntos.
A intérprete deve brindar o público com cinco canções, entre elas um de seus maiores sucessos, "Gente Humilde", música de Garoto que ganhou letra de Vinicius de Moraes e Chico Buarque.
A letra nasceu, segundo contam, na paisagem que a Baixada Fluminense esfregava pela janela na cara dos passageiros sonolentos que acordavam no trem Vera Cruz, hoje, Trem de Prata.
Vinicius, que fugia de avião e era usuário habitual do trem Vera Cruz, vendo a paisagem, assobiou a melodia feita por Garoto e casou com sua poesia.
Uma outra versão conta que essa letra surgiu na Itália, onde Chico e o poetinha se encontraram com saudade do Brasil.
Para o fim-de-semana, Rabello terá a companhia do saxofonista Paulo Moura. Parceiro do violonista em diversos trabalhos, eles já dividiram outros palcos e outros discos, como "Dois Irmãos", gravado em 92 pelo selo Kaju Music.
Juntos, devem tocar "Sampa", de Caetano, "Ronda", de Paulo Vanzolini, "Violão Vadio", de Baden Powell, "Um a Zero", de Pixinguinha e Benedito Lacerda, e "Luíza", de Tom Jobim.

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