São Paulo, domingo, 5 de fevereiro de 1995 |
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O desafio da travessia
CARLOS ALBERTO SARDENBERG
Para mostrar diferenças em relação ao México, FHC apontou três números: as reservas brasileiras de US$ 38 bilhões; a alta das exportações já em janeiro, propiciando superávit; e o fato de que dois terços da importação são formados por matéria-prima e máquinas, que se destinam à produção, contra um terço de bens de consumo. A desvalorização do real teria justamente o objetivo de evitar a manutenção dos pesados déficits comerciais verificados em novembro e dezembro, mais de US$ 1 bilhão, somados os dois meses. Mas o governo reagiu ao déficit estimulando os exportadores pela via financeira. Os negócios de exportação cresceram rapidamente. Sobre a importação, FHC quis indicar que o país não está aproveitando a abertura da economia para gastar dólares com quinquilharias. FHC não disse, por razões diplomáticas, mas sabe-se que a importação mexicana era predominantemente de bens de consumo. O que FHC também não disse, mas que membros da equipe admitem, é que a desvalorização do real é muito arriscada. Quem está fora do governo tende a ser mais corajoso na defesa da desvalorização do real. Mas quem está no governo tende a ser mais conservador. O risco de provocar um desastre inibe mudanças bruscas. E do ponto de vista de FHC e de sua equipe econômica, o Plano Real vai bem. Por que mudar? Em resumo, o governo acredita que tem tempo e condições para segurar a inflação com a importação e o dólar barato, enquanto encaminha as reformas no Congresso. Pois nisso há acordo universal: a estabilidade duradoura só virá com o ajuste das contas públicas e as reformas que modernizem a economia e reduzam o custo de se produzir no Brasil. A divergência está em como chegar até lá. LEIA MAIS Sobre câmbio na pág. 2-10. Hoje, excepcionalmente, Luiz Carlos Mendonça de Barros não escreve nesta coluna. Texto Anterior: Mês fecha com 2,5% brutos Próximo Texto: Taxa líquida fica em 2,86% Índice |
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