São Paulo, quarta-feira, 8 de fevereiro de 1995
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Economia paulista sente efeitos da chuva

FÁTIMA FERNANDES; MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Indústria, comércio e agricultura começam a contabilizar as perdas causadas pelas fortes chuvas.
Para os produtores de feijão, da região de Sorocaba (SP), e de banana, de Registro (SP), por exemplo, os prejuízos já somam R$ 44,4 milhões.
A safra de feijão de Sorocaba representa 65% da produção do Estado de São Paulo. A banana colhida em Registro responde por 95% da safra paulista.
Indústrias localizadas nas imediações do rio Tietê chegaram a reduzir até 70% a produção, especialmente na segunda-feira.
É o caso da Rosset, fabricante de tecidos e da linha Valisère. Da produção diária de 18 mil quilos, a empresa só conseguiu fabricar 5.400 quilos na segunda-feira.
"Os empregados não conseguiram chegar. E os que vieram tivemos que dispensá-los mais cedo", diz Isaac Rosset, sócio-diretor.
A Nadir Figueiredo, que faz embalagens e produtos domésticos de vidro, próxima da Rosset, já atrasa quatro dias as entregas.
Motivo: falta de funcionários e dificuldade de entrada e saída de caminhões da fábrica, diz Mauro Marquezano, superintendente.
Duas lojas do Paes Mendonça, a da Penha, próxima do rio Tietê, e a do Morumbi, nas margens do rio Pinheiros, deixaram de faturar R$ 3,5 milhões em uma semana.
Este valor representa 15% da receita mensal das duas. "O tráfego intenso dificultou o acesso dos clientes", afirma Vander Luiz Vasconcelos, diretor.
No Carrefour, próximo da marginal do rio Tietê, o número de clientes foi 63% menor na segunda-feira, na comparação com um dia de semana normal.
O comércio de rua também foi afetado. Mas as lojas dos shoppings contrabalançaram esta queda.
Dados da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) mostram que na última segunda-feira as vendas a prazo cresceram 22,1%, na comparação com a segunda-feira anterior. Já as vendas à vista ficaram praticamente estáveis.
Marcel Solimeo, economista da ACSP, diz que o pagamento dos salários no início do mês minimizou o impacto das chuvas.
Na construção civil, 5.000 construtoras estão amargando prejuízos com as chuvas, informa o Sinduscon, sindicato que reúne o setor. As perdas são de materiais e de ausência no trabalho.

Legumes e Verduras
Até ontem, a produção diária de legumes e verduras da região do cinturão verde do Alto Tietê, que representa de 20% a 25% do abastecimento do Ceagesp, caiu pela metade.
Normalmente no verão colhe-se 450 toneladas de verduras e legumes por dia. Hoje, não passa de 225 toneladas, informa o Sindicato Rural de Mogi das Cruzes.
Os produtores dizem que a regularização da oferta deverá ocorrer em abril para as verduras e, em maio, para os legumes.
É que o solo está tão encharcado que não é possível colher e nem semear a nova safra.
No caso do algodão, 30% da produção de 55 mil hectares plantados na região de Presidente Prudente (SP) foram afetados.
Já os pecuaristas e os produtores de milho, cana, soja, laranja, café e arroz não têm do que reclamar.
Paulo Greco, agrônomo da Dira (Divisão Regional Agrícola) de Ribeirão Preto, diz que o efeito das chuvas é favorável para estes produtos.

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