São Paulo, domingo, 12 de fevereiro de 1995
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Rio usa 'sedução' para atrair investimentos

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

A "sedução" é a base para a tentativa de recuperação econômica do Rio de Janeiro, que nos últimos anos assistiu a uma fuga de empresas e executivos para outras partes do país.
"É um trabalho grande de sedução para se conseguir novos investimentos", afirma o secretário de Indústria, Comércio e Turismo, Ronaldo Cezar Coelho.
Esta sedução, segundo Coelho, banqueiro (tem 25% do Banco Multiplic) e deputado federal (PSDB-RJ), será menos por incentivos fiscais e mais pelo que chama de "eficiência sistêmica".
"Eficiência sistêmica", no jargão do secretário, significa dar as melhores condições para a instalação de uma empresa. "Temos que dar o combustível barato (gás de Campos, cidade produtora do norte fluminense), transporte de qualidade (porto de Sepetiba, próximo de Angra dos Reis) e condições de infra-estrutura, pois o povo não aguenta mais pagar pelo desenvolvimento", disse.
Por isso, Coelho passa o dia pensando em como conseguir atrair o capital para o Estado.
"O governo está a negócio", afirma ele que, mesmo defendendo que o contribuinte fique fora do financiamento das empresas, diz que a política de renúncia fiscal ainda vai continuar.
"Se os outros fizerem, vamos fazer também", diz ele. Mas a prioridade é conseguir a "eficiência sistêmica".
Os negócios que Coelho procura trazer para o Rio envolvem conversas com investidores estrangeiros, grandes montadoras de automóveis e até pequenas indústrias.
"Esta semana, quando vi que um empresário italiano falava a sério que queria fazer uma fábrica para um composto de mármore, mandei o helicóptero do governador levá-lo até o terreno que ele tinha prioridade de compra. Se eu fiz isso com ele, imagina o que faço com uma montadora", disse.
Mas, para ele, "não basta o porto de Sepetiba (ponta-de-lança dos investimentos na produção do governo Marcello Alencar); precisamos dar combustível e transporte barato até o porto".
Para Coelho, o porto de Sepetiba tem condições de atender a um mercado que ele estima em R$ 300 bilhões, o PIB aproximado de Rio, Minas Gerais e São Paulo.
Para isso, o secretário está de olho na privatização das ferrovias. Ele avalia que, se a Companhia Vale do Rio Doce conseguir o monopólio privado das linhas, o projeto do porto pode sofrer um revés.
Por isso, Coelho negocia com alguns grandes grupos que têm interesse em um porto barato, com calado (profundidade das águas) de 19 metros (compatível com os navios mais modernos) para transformar "um pequeno terminal de carvão" em um porto internacional. "O consórcio de Sepetiba tem que ver também a ferrovia", disse.
O secretário afirma que, apenas de recursos de caixa do tesouro estadual, tem R$ 500 milhões para investir no porto em associação com esses grandes grupos, cujos nomes ele não revela.
Mas, para ele, não é só o Rio que precisa ser desenvolvido. Ele quer projetos semelhantes para o norte fluminense, onde pretende fomentar a plantação de cana, assim como para o sul fluminense, mais industrializado.

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