São Paulo, domingo, 12 de fevereiro de 1995 |
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Governo muda política para importações
CARLOS ALBERTO SARDENBERG
Isso sinaliza ainda uma mudança política importante. Até aqui, a teoria da equipe econômica dizia que a importação tinha o objetivo de ampliar a oferta interna, e assim impedir que as montadoras locais impusessem alta de preços diante da escassez da produção. Era o que estava acontecendo. Ao aumentar o imposto de importação o governo indica que a prioridade passa a ser a defesa da indústria nacional, mesmo à custa de aumento de preços. É uma política defensável. É sustentada pela ministra Dorothéa Werneck. Mas é oposta ao que sempre disseram, e ainda dizem, os membros da primeira equipe econômica, como Pedro Malan, Pérsio Arida e Edmar Bacha. Executivos das montadoras saíram da última reunião da Câmara Setorial Automotiva achando que a política havia mudado. Eles registraram em especial uma frase repetida pela ministra Dorothéa, segundo a qual a política é "importar para exportar". Ou seja, a prioridade não é importar para forçar a competição no mercado interno, mas só importar o que for necessário para aumentar a capacidade de exportação da indústria local. Isso abre precedente para que se coloquem restrições à importação de qualquer bem de consumo. Se vale proteger os carros, por que não proteger os fabricantes de televisores, sapatos, roupas? Já há pressão desses setores. Parece claro que o presidente FHC dividiu a equipe econômica, ao incluir posições diferentes. Ou seja, o episódio dos carros importados não será o último. (CAS) Texto Anterior: 'Militares terão um prêmio' Índice |
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