São Paulo, domingo, 12 de fevereiro de 1995
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Ir atrás do trio elétrico custa até R$ 500

LUIZ FRANCISCO; DANIELA FALCÃO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

As pessoas interessadas em participar do Carnaval de Salvador ainda podem comprar mortalhas nas sedes dos blocos que desfilam pelo centro e orla da cidade durante os sete dias "oficiais" da folia baiana.
É a mortalha (camisolão que identifica o folião) que garante o acesso dos participantes à área interna dos blocos, isolada da multidão por corda e seguranças.
Nos blocos mais tradicionais ela custa entre R$ 300 e R$ 350. Nos classificados de jornais, as mortalhas que já estão esgotadas (veja quadro ao lado) são oferecidas por até R$ 500.
Quatro dos principais trios elétricos de Salvador já estão com suas mortalhas esgotadas.
Os blocos Camaleão (Chiclete com Banana), Pinel (puxado pelo cantor Netinho), Cheiro de Amor (banda Cheiro de Amor) e Eva (banda Asa de Águia) suspenderam a venda há duas semanas.
Quem preferir acompanhar a cantora Daniela Mercury pode comprar a mortalha do bloco "Os Internacionais" por R$ 300.
As mortalhas dos trios e blocos independentes (entidades que desfilam em dias e locais alternativos) podem ser encontradas com mais facilidade. Elas custam entre R$ 100 e R$ 150. Em vez de desfilar no centro, eles saem na orla.
O bloco afro Olodum é o que oferece a roupa pelo preço mais acessível em Salvador. Os sócios pagam R$ 60 e não-sócios, R$ 70.
Para dificultar a falsificação, as mortalhas só serão distribuídas um dia antes do desfile dos trios.
Quem vai para Salvador e não quer gastar nada com mortalhas pode curtir o Carnaval como "pipoca", termo utilizado para identificar pessoas que acompanham os trios do lado de fora das cordas.
Segundo levantamento realizado pela polícia, porém, os maiores índices de violência acontecem entre os "pipocas".
"O espaço é muito apertado e a gente fica tomando socos e pontapés o tempo todo", disse o economista Sílvio Serra de Oliveira.
Os trios alternativos iniciam seus desfiles na quinta-feira que antecede o Carnaval, na Barra (orla marítima). Os trios e blocos tradicionais desfilam domingo, segunda e terça, a partir das 12h no Campo Grande (região central).
Já os blocos afro (como Ile Ayê, Olodum e Ara Ketu) os afoxés (Filhos de Gandhi) e blocos índios (Apaches e Comanches) desfilam a partir da meia-noite, do Pelourinho ao Campo Grande.
Para desafogar o fluxo de foliões no centro da cidade e na orla marítima (principais circuitos da folia), a prefeitura promete instalar palcos fixos em 25 bairros.
"Vamos descentralizar a folia", disse a presidente da Emtursa (Empresa de Turismo de Salvador), Emília Silva.
A estratégia da prefeitura rendeu resultados já em 94, com a determinação de que os trios que passam pela Barra seguissem até o bairro de Ondina, onde está a maior concentração de hotéis cinco estrelas de Salvador.
"Muita gente duvidou que o Carnaval de Ondina desse certo, mas foi a melhor coisa que aconteceu. Só tinha gente bonita e dava para pular na 'pipoca' sem confusão nem violência", disse a tradutora Itana Lins, 30.

Colaborou DANIELA FALCÃO, da Reportagem Local

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