São Paulo, quarta-feira, 15 de fevereiro de 1995 |
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Lobbies armam guerra das telecomunicações
ELVIRA LOBATO
À exemplo do que aconteceu na frustrada revisão constitucional do ano passado, os empresários usarão o Instituto Brasileiro para o Desenvolvimento de Telecomunicações (IBDT) para convencer os congressistas a votarem pelo fim do monopólio. As empresas Doze grandes grupos empresariais, entre eles, Bradesco, Rede Globo, Odebrecht, Safra, Andrade Gutierrez e banco Itamarati, patrocinam o instituto. Os empresários têm interesse na telefonia celular e transmissão de dados. Tão logo Fernando Henrique Cardoso foi eleito presidente no primeiro turno, os empresários reativaram o IBDT e o advogado Oscar Dias Corrêa Júnior reassumiu a presidência da entidade. Segundo Corrêa Júnior, o engajamento do governo na defesa da quebra do monopólio estatal vai facilitar a aprovação no Congresso. "No ano passado, o Executivo se omitiu e os deputados estavam mais preocupados com a reeleição. Agora, estamos muito otimistas", afirmou. Sindicalistas Os 90 mil funcionários do Sistema Telebrás também já se preparam para defender o monopólio estatal. Os sindicalistas admitem que as condições agora lhes são mais desfavoráveis. Até a próxima sexta-feira, as duas federações que congregam os sindicatos dos telefônicos vão definir a estratégia de ação no Congresso. As duas entidades -Fenatel, filiada à Força Sindical, e Fitel, filiada à CUT- são rivais e farão lobbies separados. Almir Munhoz, diretor da Fenatel e vice-presidente do Sindicato dos Telefônicos do Estado de São Paulo, diz que a federação vai concentrar seu trabalho no corpo-a-corpo com os deputados. Em 94, os 12 sindicatos filiados à Fenatel atuaram junto às bases eleitorais nos Estados para pressionar os deputados, mas neste ano, segundo Munhoz, não há tempo para este tipo de ação. O trabalho feito pelos sindicatos, diz ele, está praticamente perdido porque mais da metade da Câmara foi renovada nas eleições. "Entraremos numa corrida a partir de agora", afirma. O curioso é que tanto os empresários quanto os sindicalistas vão basear seus argumentos nas experiências de privatização das telecomunicações da Argentina e do México. Os sindicalistas alegarão que as tarifas subiram. Os empresários dirão que os serviços melhoraram. Texto Anterior: Alencar e Buarque discutem IVA no Rio Próximo Texto: AS PROPOSTAS DE MUDANÇA NA ORDEM ECONÔMICA Índice |
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