São Paulo, quarta-feira, 15 de fevereiro de 1995
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Bombeiros resgatam 9º corpo de naufrágio

WILSON NOGUEIRA

WILSON NOGUEIRA; ABNOR GONDIM
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

O Corpo de Bombeiros do Amazonas informou que até as 15h de ontem (17h em Brasília) tinham sido resgatados nove corpos de vítimas do naufrágio do barco Comandante Rogério, ocorrido na úlltima sexta, no rio Solimões, no município de Manacapuru (100 km a oeste de Manaus).
Pelo menos 21 pessoas continuam desaparecidas. O barco afundou com cerca de cem passageiros ao bater num tronco preso no fundo do rio.
O comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Deusamar Nogueira, afirmou que serão contratados especialistas para içar o barco do fundo do rio. As tentativas de ontem com guindaste de serraria fracassaram. "O equipamento não suportou o peso", disse Nogueira.
O delegado de Manacapuru, Francisco Ferreira, e o capitão-de-corveta Paulo Cerri, da Capitania dos Portos, disseram que, até ontem, o capitão e dono do barco, João Lúcio Maciel, não havia se apresentado. "A polícia está atrás dele", disse o delegado.
Maciel é acusado por sobreviventes de omissão de socorro e de ter entregue o comando do barco a um adolescente de 15 anos pouco antes do acidente. Cerri disse que a Polícia Naval já ouviu oito sobreviventes.
Rokelane da Silva, 28, que estava no barco, disse que 6.000 tijolos que estavam no convés desabaram sobre os passageiros na hora do acidente.
Cerca de mil pessoas já morreram nos últimos 20 anos em naufrágios e acidentes pluviais na Amazônia. A estimativa é das capitanias dos portos sediadas em Belém (PA) e Manaus.
A maioria dos acidentes não foi coberta por nenhum tipo de seguro para indenizar as vítimas e os donos das cargas perdidas, pois a exigência só passou a ser obrigatória em 1992. Mesmo assim, este seguro inexiste para as embarcações irregulares, como é o caso do barco Comandante Rogério.
O maior naufrágio da história da Amazônia aconteceu em janeiro de 1981 com o navio Novo Amapá, que afundou no rio Cajari (AP) (leia texto ao lado).

Colaborou ABNOR GONDIM, da Agência Folha.

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