São Paulo, quarta-feira, 15 de fevereiro de 1995
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Empresas obtêm capital de giro mais barato

FIDEO MIYA
DA REPORTAGEM LOCAL

Nos próximos dias, um consórcio de seis instituições financeiras liderado pelo Bamerindus estará lançando no mercado doméstico um lote de "commercial papers" no valor de R$ 100,19 milhões (cerca de US$ 120 milhões) emitidos pela Inpacel - Indústria de Papel Arapoti S.A., com prazo de 180 dias.
O pedido de registro da operação foi registrada ontem na CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
O "commercial paper" é um título de dívida emitido por empresas não-financeiras (comerciais, industriais e prestação de serviços) e representa uma alternativa ao empréstimo bancário de capital de giro. Seu prazo varia entre 30 e 180 dias.
Segundo Anthony Pain, diretor internacional do Bamerindus, responsável pela montagem da operação, o "commercial paper" é um título com taxa de juro prefixada que oferece vantagens tanto para a empresa emissora quanto para o investidor que compra o papel.
Trata-se de uma desintermediação financeira, ou seja, em que os bancos figuram como meros prestadores de serviço na montagem da operação e na venda dos títulos aos investidores.
Assim, o "commercial paper" não se sujeita ao limite de 90 dias imposto nas operações de crédito, nem aos compulsórios (de 27% sobre a captação a prazo feita pelo banco e 15% sobre o empréstimo).
Por causa dessas características, a empresa emissora do "commercial paper" consegue recursos mais baratos do que as linhas convencionais de capital de giro dos bancos —que estão em torno de 65% ao ano para as grandes empresas— e com prazos mais longos, como é o caso da Inpacel.
Pelo mesmo motivo, o investidor —normalmente um fundo de renda fixa, uma fundação de seguridade ou até mesmo uma grande empresa— que compra o papel consegue um rendimento maior do que obteria se aplicasse num CDB, que está em torno de 45% ao ano para grandes quantias.
Na conta, estão incluídos todos os custos, incluindo a taxa de registro cobrada pela CVM e as comissões das instituições intermediadoras da operação.
Com a emissão da Inpacel, o Bamerindus está contabilizando seis operações no valor total de R$ 270,96 milhões (cerca de US$ 325 milhões) desde novembro passado, quando iniciou a intermediação de lançamentos de "commercial papers" no país.
Todas as cinco anteriores foram feitas com prazos de 90 dias. Quatro delas foram realizadas para empreiteiras: a CBPO (Companhia Brasileira de Projetos de Obras) e a CMW Equipamentos, ambas do grupo Odebrecht, captaram R$ 20,2 milhões e R$ 20,16 milhões, respectivamente, enquanto a Ultratec, do grupo OAS, obteve outros R$ 20,16 milhões, e a Tenenge, R$ 30,24 milhões.
A Sodilac, empresa de laticínios do grupo Parmalat, captou R$ 80,01 milhões em janeiro passado.

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