São Paulo, quarta-feira, 15 de fevereiro de 1995
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Brasil terá três artistas na mostra sul-africana

KATIA CANTON
ESPECIAL PARA A FOLHA

Pela primeira vez no Brasil, através de convênio assinado com o Ministério das Relações Exteriores, a Fundação Bienal se responsabilizará pela participação sistemática dos artistas nacionais nas Bienais Internacionais de Johannesburgo, Veneza e Istambul.
Isso inclui escolha de obras, transporte e confecção de catálogos, garantindo à curadoria, assinada agora por Nelson Aguilar e Agnaldo Farias, um trabalho mais consistente.
Para responder aos temas propostos pela Bienal de Johannesburgo, Aguilar e Farias escolheram três representantes brasileiros: a carioca Adriana Varejão, o paulistano Dudi Maia Rosa e o mineiro Marcos Coelho Benjamim.
"A escolha não foi feita pelo caráter multi-regional dos artistas, mas pelas diferentes leituras que eles fazem do tema proposto", disse Aguilar.
"Adriana trabalha com um colagem de imagens desconexas, insinua um déjà vu típico da arte do final do século, da pós-modernidade. Sua obra figurativa estabelece um diálogo claro com o antigo sistema colonial, sobrepondo o barroco português com africanismos", afirma.
"Dudi trabalha de maneira oposta. Mostra uma arte internalizada, uma arte que é reflexão sobre si mesma", diz Aguilar, sobre o segundo nome escolhido por ele.
"Benjamim vai além dessa dicotomia. Ele traz o artesanato brasileiro perdido para dentro da arte erudita. Ele é o elemento telúrico, traz a herança da terra", diz Farias, responsável pela escolha do terceiro artista.
O Brasil que os dois curadores da Fundação Bienal querem mostrar à África do Sul é um Brasil que "aboliu o apartheid estético".
"O meio das artes plásticas está amadurecendo rapidamente. A dificuldade em lidar com as diferenças vem sendo substituída por uma efervescência", opina Nelson Aguilar.
(KC)

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