São Paulo, quarta-feira, 15 de fevereiro de 1995 |
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EAD encena "A Tempestade" na USP ;EAD
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
Montagem de formatura é apresentada no saguão da Faculdade de Arquitetura, com entrada franca Espetáculo: A Tempestade Autor: William Shakespeare Direção: José Rubens Siqueira Elenco: alunos da EAD (Escola de Arte Dramática) Quando: segunda a sexta, às 21h Onde: saguão da FAU (r. do Lago, 876, Cidade Universitária, tel. 011/818-4132) Entrada: Franca Está em cartaz na USP (Universidade de São Paulo) a peça "A Tempestade", de William Shakespeare. A montagem funciona como exame público de interpretação para os formandos da EAD (Escola de Arte Dramática), conhecida por revelar atores da TV Globo. Desde o início dos ensaios procurando um espaço não-convencional para o espetáculo, o grupo acabou optando por uma solução caseira. Escolheu o saguão da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo), na própria USP. O saguão, uma espécie de "vão livre do Masp" mais imponente, abriga um cenário com 2.500 m de plástico esgarçado manualmente e um tapete de 144 metros quadrados pintado pelo próprio elenco. O diretor da montagem é José Rubens Siqueira, de "A Escola de Maridos" e "A Mulher sem Pecado". Pela quinta vez, ele dirige espetáculos na escola. Seu primeiro trabalho na EAD foi uma coletânea de textos de Nelson Rodrigues, para a formatura da turma da atriz Marisa Orth. Para Siqueira, "a função primeira de um encenador na EAD é a pedagógica. Ele deve procurar colocar em prática tudo que eles aprenderam ao longo do curso". Isso não significa que a encenação fique em segundo plano. "Apesar de achar que o papel do encenador deve ser sempre um exercício de humildade, é claro que a encenação deve ser criativa", diz. O trabalho com estudantes em formação, para Siqueira, oferece compensações especiais. "Independente do grau de talento de cada aluno, todos mostram um nível de energia que dificilmente se vê no teatro profissional", diz. EAD Fundada por Alfredo Mesquita em 1948, a EAD esteve ligada, em sua primeira fase, ao TBC (Teatro Brasileiro de Comédia), responsável pelas montagens mais grandiosas do país nos anos 50. Nesta fase, revelou artistas como Aracy Balabanian, Leonardo Villar, Francisco Cuoco, Jorge Andrade, Lauro César Muniz. Após a morte de Mesquita, a escola foi incorporada à USP, em 1966. A partir de 1969, passou a pertencer à ECA (Escola de Comunicações e Artes). Continuou revelando nomes como Marisa Orth, Paulo Betti, Ester Góes, Lília Cabral, Edson Celulari, Elizabeth Savalla. Segundo Siqueira, as peças de formatura da escola foram, em outras épocas, "verdadeiros acontecimentos culturais da cidade". Nos últimos anos, as escolhas de textos vêm obedecendo a critérios temáticos. Foram montados textos de comédia musical brasileira ("O Mambembe"), vanguardas históricas (textos dadaístas e surrealistas), autores vivos (Siqueira entre eles). A escolha este ano do clássico Shakespeare, com um de seus últimos e mais conceituados textos, aponta para uma tentativa da escola em voltar aos "bons tempos". Texto Anterior: OUTRAS CATEGORIAS Índice |
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