São Paulo, sábado, 18 de fevereiro de 1995
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Ação contra pobreza continua no papel

GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Programa Comunidade Solidária, apontado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso como uma das prioridades de seu governo, permanece no papel.
O programa coordenará as ações governamentais para o combate à fome e à pobreza e atuará em cinco frentes: alimentação e nutrição, serviços urbanos, defesa de direitos e promoção social, desenvolvimento rural e geração de emprego e renda.
A Secretaria Executiva do programa foi criada no dia 12 de janeiro, mas não sede.
Está instalada temporariamente em quatro salas do 15º andar do prédio onde funciona o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), em Brasília.
O órgão opera com seis funcionários, sendo que apenas dois foram contratados oficialmente —a própria secretária-executiva, Anna Maria Peliano, e sua assessora especial, Maria Tereza Lôbo.
O governo já prometeu que o órgão será transferido para a sede do extinto Ministério do Bem-Estar Social, mas ainda não há previsão da mudança.
O programa contará com um conselho consultivo, formado por ministros de Estado e 21 representantes da sociedade civil. O conselho, no entanto, só tomará posse no próximo dia 21.
A presidente do conselho será a primeira-dama Ruth Cardoso. Segundo assessores da Secretaria Executiva do programa, Ruth nunca visitou a sede temporária.
Com a falta de infra-estrutura, Peliano, 47, está se socorrendo de técnicos do Ipea para conseguir trabalhar. Apesar de a criação do Programa Comunidade Solidária ter sido anunciada logo após a eleição de FHC, em 3 de outubro, não foi definida nenhuma ação concreta do órgão.
A Folha esteve anteontem na sede do programa. A secretária que atendeu a reportagem resumiu a situação do órgão ao responder à pergunta se ela trabalhava no local: "Infelizmente, sim", disse, para completar em seguida: "A falta de infra-estrutura é tanta que nem consigo um telefone que transfira as ligações."
O programa tem uma proposta abrangente —identificar os municípios mais pobres do país e centrar nestes locais as ações dos ministérios, com a participação de governadores, prefeitos e sociedade civil.

Cidades
As cidades não foram ainda escolhidas. A primeira idéia era atuar nas cidades onde a campanha contra a fome, do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, já havia mobilizado a sociedade.
Mas Peliano decidiu agora esperar a posse do conselho consultivo do programa para que a decisão seja tomada em conjunto.
Enquanto isso, ela está fazendo um levantamento da população carente nos municípios, utilizando como base duas publicações: "O Mapa da Fome", do Ipea, e "Municípios Brasileiros —Crianças e suas Condições de Sobrevivência", do Unicef e IBGE.

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