São Paulo, sábado, 18 de fevereiro de 1995
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EUA querem investir em infra-estrutura no Brasil

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar da crise mexicana, o governo dos EUA acredita que o Brasil é "uma aposta muito boa" para os investimentos diretos norte-americanos (aplicações de longo prazo em projetos industriais e não no mercado financeiro), segundo o subsecretário de Comércio Exterior dos EUA, Jeffrey Garten.
Em entrevista, ontem, em São Paulo, Garten afirmou que os problemas econômicos do México não diminuíram o interesse dos exportadores e investidores norte-americanos no Brasil.
As prioridades dos investidores dos EUA no Brasil são os setores de telecomunicações, transportes, energia e proteção ambiental.
Ele disse que os investidores norte-americanos pretendem participar com uma parte substancial nos US$ 20 bilhões —avaliação preliminar— que serão necessários para a infra-estrutura do projeto de desenvolvimento da região Tietê-Paraná, no sul do país.
"A economia do Brasil está em muito melhor forma do que a mexicana", disse.
"Obviamente reconhecemos que a situação no México é muito séria, mas acreditamos que há uma enorme diferença entre a economia mexicana e a economia brasileira", afirmou.
"O comércio exterior e as reservas cambiais brasileiras apresentam uma situação saudável e a dependência do Brasil em recursos de curto prazo é muito menor."
Ele vê o início de "uma nova era", na qual as reformas econômicas nos países emergentes serão acompanhadas com muito mais atenção pelo mercado mundial e os investidores vão ser muito mais cuidadosos.
Garten disse que a recente queda acentuada das Bolsas de Valores de São Paulo, Cidade do México e Buenos Aires, na esteira da crise mexicana, não deve ser vista como um sinal da falta de credibilidade da América Latina pela comunidade internacional.
"Há uma grande diferença na atitude dos investidores nas Bolsas, que reagem a acontecimentos do dia-a-dia, e os investidores de longo prazo", disse.
"Todos os investidores de longo prazo com os quais mantenho contato regular não estão preocupados com o comportamento das Bolsas e sim com o progresso das reformas econômicas básicas no Congresso", afirmou.
"Eles estão acompanhando de perto as novas diretrizes econômicas do governo Fernando Henrique Cardoso, que consideram uma questão muito mais importante do que as altas e baixas do mercado de ações."

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