São Paulo, sábado, 18 de fevereiro de 1995
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Rio reage e empata com Minas no PIB

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

Mais de duas décadas depois de começar a perder participação no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, o Rio iniciou, no ano passado, uma retomada da atividade econômica, praticamente empatando com Minas Gerais como segundo maior PIB do país, perdendo somente para São Paulo.
Minas havia passado o Rio em 1990, segundo estimativas da FGV (Fundação Getúlio Vargas), quando o Rio bateu no fundo do poço, com 10,89% da riqueza nacional (Minas ficou, naquele ano, 12,49%). Em 1994, o Rio fechou com 12,52% ou 0,01% a menos que Minas. São Paulo ficou com 35,61%.
"Não há dúvidas, a impressão que fica é de uma tendência firme de crescimento", diz o economista Istvan Kasznar, da FGV, autor do trabalho. Este crescimento, mostra o trabalho, deu-se principalmente pelo setor de serviços (turismo, mercado financeiro, shopping centers, entre outros).
Os serviços foram responsáveis por 54,48% (51,46% em 1990) de toda a atividade econômica do Estado, segundo o trabalho, tirando participação do setor industrial.
As indústrias do Rio, que em 1990 respondiam por 31,19% do PIB estadual, viram sua participação diminuir para 28,17%. Agricultura (0,79%) e comércio (16,53%) praticamente mantiveram suas participações.
Mesmo utilizando os números de participação do PIB da FGV em seus estudos, a Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) discorda de que a indústria tenha perdido participação.
Segundo a Firjan, a média de utilização da capacidade instalada no Rio tem crescido ano a ano. Em 1992 foi de 70,7%, chegando a 73,7% em 1994. No primeiro mês de 1995, chegou a 74,23%.
No estudo da FGV, mesmo com a queda de participação, a indústria aumentou suas vendas. Em 1990, foram de US$ 12,7 bilhões. Em 1994, chegaram a US$ 17,6 bilhões.
No ano passado, o Rio viu crescer os investimentos na indústria, com a instalação de novas fábricas da Brahma, Antarctica e da fabricante de latas para refrigerantes, Latasa.
O mineiro Humberto Mota, morador do Rio e presidente da Associação Comercial, lembra que "historicamente" o PIB do Rio é o segundo do país e que, de 1993 para 1994 "começou a ampliar sua participação relativa."
Ele diz que o Rio pagou "um alto preço" na recessão da década de 80 e início da década de 90 (com a exceção do governo Sarney) por ter sua economia baseada na construção civil, indústria naval, que praticamente está parada, e no turismo.
Com o fim da recessão, o turismo interno já está crescendo e, nos últimos dois anos, está havendo um novo "boom" imobiliário, principalmente na Barra da Tijuca, Jacarepaguá e Barra de Guaratiba (zona oeste da cidade).
Mas o setor turístico é mesmo o grande potencial do Rio de Janeiro. E o Estado investe como nunca na sua principal atração do início do ano, o desfile das escolas de samba no Carnaval.
Os paulistanos tiveram uma amostra do investimento na quarta-feira passada. Durante uma hora, 40 integrantes da escola de samba Salgueiro se apresentaram no centro de São Paulo convidando os turistas paulistanos para participar do Carnaval do Rio.

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