São Paulo, sábado, 18 de fevereiro de 1995
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México quer baixar déficit para US$ 14 bi

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo mexicano prepara um programa para reduzir de US$ 29,5 bilhões para US$ 14 bilhões o déficit da sua conta corrente neste ano.
Esse déficit é formado por saldos negativos nas balanças comercial (importações maiores que exportações) e de serviços (pagamentos de juros da dívida externa, principalmente).
Alejandro Valenzuela del Rio, assessor econômico do Ministério da Fazenda do México, diz que para reduzir o déficit o governo vai tomar várias medidas.
Os gastos correntes do governo, afirma, serão cortados em valores equivalentes a 0,8% do PIB (Produto Interno Bruto).
Alguns projetos de investimentos, continua, também serão adiados. Isso equivale a cortes de aproximadamente 0,5% do PIB.
"O México tem capacidade para financiar US$ 14 bilhões." Segundo Valenzuela, desses US$ 14 bilhões, US$ 8 bilhões virão de investimentos diretos estrangeiros —já em andamento— no país.
Outros US$ 5 bilhões serão financiados com a emissão, já aprovada pelo Congresso mexicano, de títulos do Tesouro de longo prazo em dólar (Tesobonos).
Mais US$ 1 bilhão, diz ele, virão da repatriação de capitais mexicanos no exterior. "A idéia ainda é reduzir as importações com a desvalorização do câmbio. Como consumidor mexicano, já não compro importados."
As exportações, afirma, já devem crescer. Segundo ele, de novembro de 1993 até novembro de 1994, os embarques de manufaturados cresceram 23% e, das "maquiladoras" (montadoras), 21,3%.

Argentina
O sistema financeiro argentino pode ser atingido pela crise mexicana. A afirmação é do ex-presidente do Banco Central e assessor da União Industrial Argentina, José Luis Machinea.
Na sua opinião, a debilidade do sistema financeiro e a impossibilidade de o Banco Central intervir no mercado são as "chaves" para a propagação da crise.
Ele acredita que não vai haver um processo de desvalorização porque o governo já acenou com a hipótese de troca da moeda em circulação na economia.
"Para evitar a desvalorização, o governo deve colocar em prática a dolarização total, a pleno vapor", afirma Machinea.

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