São Paulo, sábado, 18 de fevereiro de 1995
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Bispo vai assumir uma diocese que não existe

ANDRÉ FONTENELLE
DE PARIS

O bispo progressista francês Jacques Gaillot vai assumir uma diocese que não existe. Ele anunciou ontem que pretende ir para Partênia (Argélia).
Para punir Gaillot, ex-bispo de Evreux (norte da França), por suas posições progressistas, o Vaticano decidira nomeá-lo bispo de uma diocese fictícia.
O procedimento é usado por Roma para afastar um bispo indesejável. Mas a igreja não contava com a intenção de Gaillot de transformar a punição em símbolo.
Católicos já manifestaram a intenção de criar uma associação de fiéis de Partênia.
O Conselho dos Bispos da França explicou anteontem os motivos oficiais do afastamento de Gaillot.
O órgão pretextou a distância crescente criada por monsenhor Gaillot entre ele e os bispos, entre ele e o papa.
O problema não podia mais ser resolvido pelo episcopado francês. O papa tirou as consequências, acrescenta o documento.
Os bispos informaram, no entanto, que o conselho continuará a pagar os vencimentos do bispo, hoje em torno de US$ 900.
Gaillot, 59, foi afastado da diocese de Evreux em 13 de janeiro. O Vaticano se mostrava cada vez mais descontente com as declarações públicas do bispo.
Em 1988, ele se pronunciara a favor da ordenação de padres casados e da reintegração de ex-padres que abandonaram a igreja para viver com mulheres.
No ano seguinte, publicou um artigo em uma revista masculina e em outra para homossexuais, defendendo o uso de preservativos.
Além disso, o bispo multiplicou suas intervenções em programas de televisão e rádio de todos os gêneros e em manifestações pacifistas e contestadoras.
Roma pediu para que ele parasse com as entrevistas. Diante de sua recusa, foi afastado.
(AFt)

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