São Paulo, sábado, 18 de fevereiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Detido ex-secretário de Segurança espanhol

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O ex-secretário de Segurança do Ministério do Interior da Espanha Rafael Vera, 50, acusado de envolvimento com um esquadrão da morte que atuou nos anos 80, foi preso na madrugada de ontem.
A prisão tem graves consequências políticas e é um novo golpe na já abalada credibilidade de Felipe González, comentou o jornal El Mundo, referindo-se ao primeiro-ministro espanhol.
Responsável durante 11 anos pelas ações governamentais antiterrorismo, Vera foi encarcerado à 1h28 de ontem (22h28 de quinta-feira em Brasília) na penitenciária de Alcalá-Meco, nos arredores de Madri, depois de quatro horas e meia de interrogatório.
Ele se negou a assinar a ordem de prisão emitida pelo juiz Baltasar Garzón, responsável pelas investigações desde que o caso foi reaberto, em dezembro passado.
Vera é acusado de ter desviado 200 milhões de pesetas (US$ 1,5 milhão) dos fundos da Secretaria de Segurança para depositar em contas na Suíça pertencentes às mulheres dos ex-policiais José Amedo e Michel Domínguez, os únicos condenados até agora por envolvimento com o caso.
Amedo e Domínguez foram sentenciados em 1991 a 108 anos de prisão por participação nos GAL (Grupos Armados Antiterrorismo), uma organização clandestina que teria assassinado 27 supostos miltiantes da ETA (Euzkadi Ta Akatasuna, ou Pátria Basca e Liberdade) entre 1983 e 1987.
O juiz Garzón também acusa Rafael Vera de ter usado fundos do Ministério do Interior para financiar o sequestro do militante da ETA Segundo Marey, em Bayonne (França), que teria sido a primeira operação dos GAL.
Em visita oficial à Nicarágua, o premiê socialista Felipe González disse que a posição de seu governo é de absoluto respeito pela Justiça, que, segundo ele, demonstrará que Vera é inocente.
A prisão foi debatida pelo Conselho de Ministros. O porta-voz Alfredo Pérez Ruacalba destacou o desprendimento e eficácia de Vera na Secretaria de Segurança.
Elogios também foram feitos pelos dois ministros do Interior a quem ele foi subordinado, José Barrionuevo (1982-88) e José Luis Corcuera (1988-93). Eles estavam entre as 73 personalidades que assinaram carta de apoio a Vera.
É muito difícil negar o envolvimento do governo (com os GAL) quando alguém da estatura de Rafael Vera é implicado, comentou Rodrigo Rato, porta-voz do Partido Popular, o principal da oposição conservadora.
O líder comunista Antonio Romero, da coalizão Esquerda Unida, exigiu que González assuma sua responsabilidade política pela guerra suja e renuncie ao cargo.
O caso foi debatido no Parlamento há duas semanas e o premiê obteve um voto de confiança com apoio do partido União Catalã.

Texto Anterior: Governo diz que não se retira de Chiapas
Próximo Texto: Bolsa e câmbio registram perda
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.