São Paulo, domingo, 19 de fevereiro de 1995 |
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Caso envolve tráfico e gravações secretas
VINICIUS TORRES FREIRE
O acusado de mandar matá-lo, Samuel Wolfsdorf, um funcionário de seu sócio, foi condenado pela Justiça de São Paulo a 14 anos de prisão anteontem. Mas o motivo do crime ainda não foi esclarecido. Fazem parte da investigação, e a dificultam, personagens acusados de tráfico de cocaína, contrabando de bebidas e elementos como disputa nos negócios, gravações à revelia de conversas de um delegado de polícia, de um advogado da defesa e de testemunhas. Uma das fitas, que registra um diálogo em iídiche (idioma derivado do alemão, usado por judeus da Europa) e que pode comprometer mais pessoas no crime, foi enviada anonimamente do Brasil para Israel, para a viúva de Rosenski, Shoshana (leia texto abaixo). Uma das testemunhas do caso, Ihiel Segal, está sendo investigada pela polícia. Segal é dono da Dimon (fábrica de relógios), ex-sócio de Rosenski, o morto, e patrão do mandante, Samuel Wolfsdorf. A morte Rosenski morreu com um tiro na cabeça, dentro de sua perua Ford Explorer. O carro estava parado diante de um semáforo na avenida Nove de Julho, esquina com a rua Bandeira Paulista. Os advogados de defesa de Wolfsdorf puseram em dúvida a perícia do crime: sobre o tipo da arma usada, da distância do tiro e, consequentemente, sobre os autores. A investigação também teria sido insuficiente, deixando provas e personagens de lado. Baseados nessas dúvidas sobre a investigação, pediram a absolvição do réu, que sempre alegou inocência. Segundo o inquérito, o tiro foi disparado por Henrique César Teixeira Pinto, da garupa de uma moto, pilotada por Luiz Fernando Pereira Barboza, condenado no ano passado a 14 anos de prisão. Os dois foram contratados por José Geraldo Nazareth, ex-policial civil, expulso por irregularidades, que teria acompanhado a moto em um Gol. Nazareth teria sido apresentado a Samuel Wolfsdorf por um "comerciante de bebidas e aparelhos vindos do Paraguai" apontado como contrabandista pelos advogados de acusação. Nazareth foi denunciado três dias após o crime à Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa. Foi preso no dia seguinte, no apartamento de sua companheira, Francisca Cinopoli, onde foram encontrados dois silenciadores de tiro, os capacetes que teriam sido usados pelos motociclistas, uma balança de precisão e cocaína. O depoimento de Cinopoli, em março de 1994, incriminou os três acusados. Segundo o promotor Alberto de Oliveira Andrade Neto e o assistente da acusação Alberto Toron, Barboza, o piloto da moto, teria aceitado o "serviço" para pagar dívidas com traficantes de cocaína. Os depoimentos levaram a polícia a concluir que Wolfsdorf contratara Nazareth em fevereiro de 1993, para quem abriu uma conta bancária para pagar as despesas. Antes de conseguir matá-lo, os acusados seguiram o empresário Rosenski por cerca de um mês. Texto Anterior: 'Zumbi branco' foi insultado Próximo Texto: Sócio do morto era chefe do mandante Índice |
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