São Paulo, domingo, 19 de fevereiro de 1995
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Cientista trabalha incógnito

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

"É o mesmo papel do goleiro. Se funciona, ninguém repara nele". A comparação do virologista Luís Fernando Macedo Brígido, do Adolfo Lutz, serve para exemplificar como o trabalho do pesquisador da área de saúde pública é visto pela população e pelos governos.
Institutos como o Lutz ou o Oswaldo Cruz, do Rio, foram criados para tratar de casos específicos, como a febre amarela. Uma vez resolvido o problema, tendem a ser encostados pelas autoridades, que esquecem o seu papel na prevenção e acompanhamento de novas doenças.
O Lutz tem um banco de vírus desde a década de 60, essencial para tentar entender quais são os micróbios que infestam a população. Ficam estocados em freezers.
Quando falta luz, os pesquisadores do instituto entram em pânico. Não há um gerador capaz de suprir a falta de eletricidade. Se os freezers ficarem por muito tempo desligados, o trabalho de mais de 30 anos de uma longa dinastia de pesquisadores desaparece.
Além de participar de um "plantão do freezer" para ter certeza que esse banco de dados não sumirá, o pesquisador do Lutz também precisa tentar bancar o despachante. Material de pesquisa doado no exterior está retido pela receita federal, sem que se saiba como resolver o caso.
(RBN)

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