São Paulo, domingo, 19 de fevereiro de 1995
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Cuidar do BB

É digna de registro a disposição do novo presidente do Banco do Brasil (BB), Paulo César Ximenes, de proceder a uma profunda reforma no mais antigo banco brasileiro.
O Banco do Brasil foi ao longo dos anos adquirindo em muitas localidades o caráter de repartição pública mais que de instituição financeira. Ou seja, se o critério para expansão da rede foi em alguns casos o atendimento a políticas de ocupação territorial, em inúmeros outros obedeceu a circunstâncias de ordem política. Mesmo a operação de um banco estatal deve buscar também a rentabilidade.
Mas, se merece aplauso a disposição de Ximenes de fechar agências, causa apreensão sua ressalva de que a decisão pode ser protelada ou revista quando a agência do BB for a única num município. Ora, é justamente em muitos desses casos que mais se coloca a necessidade de fechar agências. O que se exige, portanto, são critérios transparentes para a manutenção ou não de uma agência, não apenas nos grotões do país, mas também no exterior, como aliás vem-se fazendo com relação ao Banespa.
Nesse sentido, há poucos dias surgiu outra idéia que mereceria mais atenção e que afeta diretamente o tema da racionalização da rede de atendimento capilar do BB.
Na posse do novo presidente da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT), o ministro das Comunicações, Sérgio Motta, instou Henrique Hargreaves a transformar os correios em unidades polivalentes de serviços e atendimento que podem muito bem abranger os serviços financeiros básicos. É o que ocorre há muitas décadas, com enorme sucesso, em países como o Japão. Ou seja, se a expansão das redes de atendimento à população deve ser maximizada, a forma de fazê-lo pode ser criativa e de baixo custo.
O Banco do Brasil merece uma meditação profunda acerca de seus propósitos e forma de atuação. Mas é preciso cuidado redobrado para não ficar mais uma vez apenas no plano das boas intenções, fazendo a tarefa pela metade ou jogando fora o bebê com a água do banho.

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