São Paulo, domingo, 19 de fevereiro de 1995
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Ney faz um don Juan decadente

NELSON DE SÁ

"Don Juan" começou desastrosamente, melhorou no segundo fim-de-semana e pode estar ainda melhor neste que é o terceiro.
É a forma de trabalho de Gerald Thomas, que usa o público como cobaia, abrindo o espetáculo com pouco ensaio e deixando os ajustes para a temporada. É irritante, sobretudo para quem vai à estréia.
De qualquer maneira, já era possível vislumbrar Ney Latorraca muito mais à vontade, como um don Juan decadente, cercado pelas fúrias das mulheres. Também Fernanda Torres está mais à vontade, mesmo sem achar o tom exato para, por exemplo, um breve solilóquio na metade do espetáculo.
"Don Juan", no entanto, sofria ainda de uma grandiloquência próxima da afetação, na semana passada. Ainda estava a caminho de contaminar de humor o espetáculo todo. Ao contrário da estréia, a peça já podia ser descrita como comédia, mas ainda uma comédia amarga, em muito momentos sem ritmo, em muitos momentos sem graça.
Don Juan. De Otavio Frias Filho, direção de Gerald Thomas, com Ney Latorraca, Fernanda Torres, Vera Zimmermann e a Cia. de Ópera Seca. Tuca. R. Monte Alegre, 1.024, Perdizes, zona oeste. Tel. 873-3422. Quinta a sábado: 21h. Domingo: 19h. Ingressos: R$ 15 (quinta, sexta e domingo) e R$ 20 (sábado)

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