São Paulo, segunda-feira, 20 de fevereiro de 1995
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Dia de trote

Numa tarde do início de 83, pouco antes da posse do Congresso, o deputado Heráclito Fortes foi ao serviço médico da Câmara buscar uma receita. Na saída, notou sobre a mesa uma pilha de requerimentos de exames clínicos. Sorrateiramente, colocou um no bolso.
Pouco depois, cruzou com outro deputado, Jônatas Nunes. Fortes cumprimentou o colega e perguntou, como quem não quer nada:
— Ô, Jônatas, você já fez os exames?
— Que exames? —espantou-se o deputado eleito.
— Ora, os exames médicos que a Câmara exige para comprovar que o deputado está apto a tomar posse —mentiu Fortes.
Nunes fez cara de desorientado. Nunca ouvira falar daquela exigência. De imediato, Fortes ofereceu-se para ajudar:
— Olha, eu acabei de fazer os meus exames e fiquei com um requerimento de exame de sangue e de fezes. Pode ficar com você, mas tem que ser amanhã cedo.
No dia seguinte, Fortes abriu um largo sorriso ao ver Nunes segurando um pedaço de algodão no local da picada da agulha.

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