São Paulo, segunda-feira, 20 de fevereiro de 1995
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Caics dão prejuízo de R$ 50 mi

PAULO SILVA PINTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A decisão do governo federal de parar a construção de Caics no final deste ano pode provocar um prejuízo de até R$ 50 milhões aos cofres do Tesouro Nacional.
Essa é a quantia que nove empreiteiras devem ao governo pelas 12 fábricas de blocos pré-moldados com que são feitos os Caics (Centro de Atenção Integral à Criança).
O contrato, firmado na gestão Collor, estabeleceu que o governo financiaria a instalação das fábricas e elas devolveriam o dinheiro na forma de material e obras.
Isso ao longo da construção de 2.150 Caics. Mas os planos do governo federal hoje são de concluir 270 Caics em construção até o final de 95 e interromper o projeto.
Contando os 178 já entregues, existirão 448 unidades no país, menos de um quarto do previsto na licitação, que já havia sofrido uma redução (quando o plano foi lançado, a idéia era construir 5.000 unidades).
A idéia do governo é negociar uma forma de descontar a dívida das empreiteiras dos custos de construção das 270 unidades até o final do ano —pelo menos R$ 300 milhões.
"Em duas semanas deveremos ter algum resultado nessas negociações", diz Thomaz de Aquino, 48, diretor de operações do Pronaica (Programa Nacional de Atenção Integral à Criança e Adolescente), responsável pela construção dos Caics.
Mas nada obriga as empreiteiras a concordarem com isso. Segundo a Folha apurou, as construtoras vão tentar fazer com que o governo altere sua meta.
"Haverá pressão para modificar esta meta de parar em 448 Caics. Isso significa uma perda para as construtoras e ninguém quer perder", afirmou ele.
Edson Coghi, 42, diretor de uma das empreiteiras, a Lix da Cunha, de Campinas, afirma que a empresa aceita negociar e uma das possibilidades é utilizar as fábricas para construir casas populares.
Além da dificuldade para reaver os R$ 50 milhões, o governo deve às empreiteiras outros R$ 123 milhões. A quantia foi definida pela administração anterior para compensar a inflação que antecedeu o Plano Real.
Além da Lix da Cunha, estão na relação as empreiteiras Andrade Gutierrez, a DM Habitação, o Consórcio Cone Sul, a Engepasa, a Techint, a Consic, a Cima e a Via Engenharia.

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