São Paulo, segunda-feira, 20 de fevereiro de 1995
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Oeste de Sollima é movediço

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

No inédito da Globo (às 21h35), Julia Roberts dorme com o inimigo, que no caso é o marido, que por sinal é um bruto. O maior problema do filme é que nem ao menos dá para dormir: é ruidoso o bastante para chamar a atenção o tempo todo.
Mas é de onde não se espera nada que as coisas vêem: de "O Dia da Desforra" (Bandeirantes, 13h30), mais exatamente. Lee Van Cleef é o homem que, por um momento, perde-se no jogo de aparências proposto por um poderoso. Ele topa caçar um mexicano, acusado de assassinato.
Seu caminho se mostrará árduo. Primeiro, porque o mexicano não é sopa, e a busca mostra-se bem mais tortuosa do que se poderia esperar. Depois, porque Van Cleef começa a se dar conta de que não está envolvido na simples perseguição a um criminoso, mas em uma trama política da qual não tem o menor controle.
Existem certas características do "thriller" italiano no filme, como uma trama que se desenvolve em dois níveis, um evidente e o outro razoavelmente secreto (matéria em que cineastas como Francesco Rosi, Damiano Damiani ou Elio Petri mostraram maestria).
Sergio Sollima transfere essa característica para o velho oeste, criando um filme cheio de alternativas, em que tanto personagens como o espectador existem em um terreno movediço, sempre incerto. Não é o único encanto de um filme feito com energia surpreendente. Mas é uma base importante: Sollima é um dos grandes cultores do faroeste italiano.
(IA)

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