São Paulo, quinta-feira, 23 de fevereiro de 1995
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CEF quer poupança vinculada

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CEF (Caixa Econômica Federal) quer recriar a caderneta de poupança vinculada à liberação de financiamentos habitacionais.
A proposta ainda está em discussão com o BC (Banco Central), mas a idéia é que o prazo mínimo de depósito em caderneta de poupança seja de cinco anos e o valor acumulado corresponda à metade do financiamento.
A caderneta de poupança vinculada já existe, mas é pouco usada. O prazo mínimo de depósito é de 12 meses.
Normalmente, o saldo da poupança é inferior à metade do empréstimo autorizado. O governo não pretende mudar o rendimento, que hoje é atualização monetária pela TR (Taxa Referencial) mais juros de 3% ao ano. Na poupança normal os juros são de 6% ao ano.
A idéia de recriar a poupança vinculada foi anunciada ontem pelo economista Sérgio Cutolo, após tomar posse como presidente da CEF.
Segundo ele, os juros são menores porque o benefício do poupador é a garantia do financiamento para compra do imóvel depois que acabar o prazo de depósito.
Funcionaria da seguinte maneira: para financiar R$ 20 mil, por exemplo, a pessoa teria de poupar R$ 10 mil. Na hora de pegar o financiamento, ele teria uma carta de crédito de R$ 20 mil, mas pagaria R$ 10 mil porque o saldo da poupança seria descontado do valor total do empréstimo.
Cutolo disse ainda que a CEF recebe hoje R$ 90 milhões mensais dos seus mutuários do SFH (Sistema Financeiro de Habitação). Isso é insuficiente para cobrir os juros cobrados nas prestações.
Ou seja: seriam necessários receber pelos menos R$ 170 milhões por mês para cobrir o custo dos juros.
Esta defasagem no valor das prestações foi provocada pelos subsídios que o governo concedeu aos mutuários na década de 80, principalmente em 1985, no governo Sarney. Isto criou o chamado rombo do SFH, a maior parte de responsabilidade do Tesouro.
Outra intenção de Cutolo é avaliar a atuação comercial da CEF em comparação com aquela dos bancos privados de mesmo porte.
"Se for necessário, vamos cobrar mais", disse sobre o preço das tarifas bancárias. Mesmo assim, os programas de natureza eminentemente social não serão abandonados.
A partir de agora, os programas de habitação e saneamento serão fixados pelo governo e não apenas pela CEF. Hoje, a CEF dispõe de R$ 2 bilhões de recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Os critérios de aplicação estão sendo discutidos.

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