São Paulo, quinta-feira, 23 de fevereiro de 1995
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Licitação do Sivam pode ter provocado a crise

DANIELA ROCHA
DE NOVA YORK

O pedido francês para que os EUA retirem do país cinco supostos agentes da CIA, quatro deles diplomatas, pode ter ligação com a atuação da agência norte-americana no caso do projeto Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia).
O Sivam é um programa brasileiro para monitorar a Amazônia com radares, satélites e computadores visando o controle da floresta e o combate a operações ilegais, como desmatamento e tráfico de drogas. Seu custo foi estimado em US$ 1,4 bilhão.
O governo francês diz que a CIA estava fazendo "pesquisa clandestina" sobre a política econômica e comercial de Paris na área de comunicações em produtos militares de alta tecnologia.
O projeto teve concorrência aberta em 1994 para empresas de alta tecnologia em satélites e computadores. Duas empresas com capacitação técnica para bancá-lo eram a francesa Thomson-CSF e a norte-americana Raytheon Corporation. A Raytheon venceu por apresentar preço mais competitivo.
Reportagem publicada domingo pelo "The New York Times" disse que a CIA descobriu uma tentativa de suborno da Thomson-CSF e o valor de sua proposta na licitação.
O porta-voz da CIA, Mark Mansfield, disse que não podia fazer comentários e não confirmou haver qualquer relação entre a ordem de retirada dos norte-americanos da França e o projeto Sivam.
Segundo o autor da reportagem, David Sanger, há apenas especulação de que os dois casos estejam relacionados. Ele disse que a informação sobre a atuação da CIA na licitação circula desde janeiro.
A Folha apurou que os franceses estavam certos de vencer a licitação para o Sivam, porque já fornecem radares de controle de tráfego aéreo ao Brasil.
A informação de que o país teria sofrido pressões dos EUA para não aceitar suborno da Thomson-CSF foi considerada despropositada pelo governo brasileiro.

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