São Paulo, quinta-feira, 23 de fevereiro de 1995
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Sai plano de autogoverno para Irlanda do Norte

ROGÉRIO SIMÕES
DE LONDRES

Os primeiros-ministros do Reino Unido e da República da Irlanda apresentaram ontem em Belfast um documento em que os dois se comprometem com o direito à autodeterminação da população da Irlanda do Norte.
O documento prevê que os dois governos farão mudanças nas suas Constituições. Os irlandeses comprometem-se a eliminar um artigo em que a república reivindica soberania sobre a Irlanda do Norte.
Os britânicos prometem modificar sua legislação referente ao território, garantindo que a região só continuará sendo governada por Londres enquanto os seus moradores quiserem.
O documento propõe a criação de uma nova assembléia, com 90 membros, na Irlanda do Norte, cujo Parlamento foi fechado pelos britânicos em 1972.
Também deverão ser criados mecanismos para garantir que a minoria católica do território seja igualmente representada.
Foi lançada ainda a idéia da criação de uma autoridade comum ao norte e ao sul para o controle da fronteira e a apreciação de outras questões que sejam de interesse de toda a ilha.
Esta autoridade, a ser composta por representantes do Parlamento irlandês e da nova assembléia da Irlanda do norte, não poderá tomar decisões que sejam rejeitadas por qualquer um dos dois lados.
O documento sugere ainda a criação de um fórum reunindo os governos de Londres e Dublin, que discutirá políticas para a Irlanda do Norte, mas não poderá passar por cima da autoridade da nova assembléia.
O primeiro-ministro britânico, John Major, afirmou ontem que o documento não é um anteprojeto e que outras alternativas para o futuro da região poderão também ser analisadas.
Major fez um apelo para que todas as partes envolvidas no conflito estudem o conteúdo antes de tomar uma posição. Ele afirmou que a vontade da população da Irlanda do Norte será respeitada.
"Assim como as pessoas não podem ser forçadas a ficar na União contra a sua vontade, elas nunca serão forçadas a sair", afirmou. "Nada neste documento será imposto".
O primeiro-ministro da Irlanda, John Bruton, também apelou para que as propostas sejam analisadas com cuidado. "Nenhum partido precisa ter medo deste documento", disse.
As propostas serão agora discutidas pelos partidos envolvidos no processo de paz, antes de serem implementadas.
Depois de divulgado, o documento foi distribuído a todos os postos do correio da Irlanda do Norte para que suas idéias fossem melhor divulgadas.
O conflito irlandês opõe separatistas, em sua maioria católicos, e unionistas (protestantes).

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