São Paulo, domingo, 26 de fevereiro de 1995
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Leda morre depois de 29 meses em coma

Morte de mãe de ex-presidente foi motivada por complicações respiratórias; embalsamado, corpo segue para Maceió
Da Reportagem Local, da Agência Folha em Maceió e do Banco de Dados
Leda Collor de Mello, 78, mãe do ex-presidente Fernando Collor, morreu ontem, à 1h55, de complicações respiratórias no hospital Albert Einstein, em São Paulo.
O corpo seguiu ontem mesmo para Maceió, em um jatinho da Líder.
O enterro estava previsto para as 17h, no cemitério das Flores, em Maceió, onde também estão enterrados os corpos de Arnon de Mello, marido de Leda, e de seu filho Pedro Collor, morto no dia 19 de dezembro, em decorrência de câncer no cérebro.
Leda passou dois anos e quatro meses internada no Einstein em estado de coma irreversível. Seu quadro não se alterou desde que ela deu entrada no dia 17 de setembro de 1992 , na Clínica Pró-Cardíaco, em Botafogo (Rio), após sofrer três paradas cardíacas.
Leda sofreu lesões cerebrais que comprometeram sua motricidade. Um mês depois, ela foi transferida para o Albert Einstein.
Às 8h20 de ontem, o corpo deixou o hospital e seguiu para a Faculdade de Medicina da USP para ser embalsamado. Estavam em São Paulo o filho mais velho de Leda, Leopoldo Collor, Ledinha Collor e a caçula Ana Luíza. Fernando Collor está nos EUA.
Nenhum parente estava presente durante a permanência de cerca de uma hora em que o corpo esteve na Faculdade de Medicina (prédio vizinho ao Hospital das Clínicas, região central de São Paulo).
De lá, seguiu, às 10h20, também sem a presença de filhos ou parentes, para o hangar da empresa Líder Táxi Aéreo, no aeroporto de Congonhas (zona sul de São Paulo).
Apenas carros de reportagem de emissoras de rádio, tv e jornais seguiram o carro funerário.
Às 13h, o corpo seguiu para Maceió. No jatinho alugado pela família foram também Leopoldo, Ana Luíza, Ledinha e o marido, o embaixador Marcos Coimbra, ex-assessor do governo Collor.
Impeachment
Quando sofreu as paradas cardíacas, Leda estava abalada pelo pedido de abertura do processo de impeachment, que cuja votação ocorreria 12 dias depois de sua internação (29 de setembro).
Filha de Lindolpho Collor, ministro do Trabalho no governo Getúlio Vargas, Leda começou a conhecer as tragédias da vida pública ao se casar com o jornalista e político Arnon de Mello, mais tarde senador e governador de Alagoas.
Arnon tinha um adversário no Estado: Silvestre Péricles de Góis Monteiro. Em 4 de dezembro de 1963, no Senado, eles se enfrentaram. Na briga, Arnon puxou um revórver, deu três tiros e acabou matando um outro senador, que nada tinha a ver com a história.
O casal teve cinco filhos - Leopoldo, Leda, Ana Luiza, Fernando e Pedro. A família esteve unida durante a campanha que fez de Fernando Collor o primeiro presidente eleito diretamente após o Movimento Militar de 64. Mas os irmãos romperam depois que Collor se aproximou mais ainda de PC Farias.

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