São Paulo, domingo, 26 de fevereiro de 1995
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Maluf marca data para iniciar campanha

VAGUINALDO MARINHEIRO; CLAUDIO AUGUSTO

Folha - O senhor determinou a proibição do fumo em restaurantes e a obrigatoriedade do uso do cinto na cidade. São duas medidas que muitas pessoas consideram inconstitucional e que essas não seriam áreas onde o Estado deve atuar. O senhor não acha que se a pessoa não quiser usar o cinto e se quiser se matar o problema é dela? E se as pessoas que estão num restaurante não se incomodam que uma outra fume, por que a prefeitura precisa intervir?
Maluf - Na sua casa você fuma, no carro você fuma. O que eu não acho direito é que você obrigue a pessoa que está ao seu lado a ser fumante passivo. Esse direito eu não posso lhe dar.
Folha - Mas dar ou não esse direito, como o senhor diz, não é atribuição da prefeitura.
Maluf - Nós temos 18 juristas na prefeitura que acham que as leis anteriores permitiram fazer o decreto de restrição ao fumo.
Folha - Mas, além da questão jurídica, para que um decreto se a questão pode ser resolvida numa conversa.
Maluf - Eu não consegui convencer minha mulher a não fumar. Eu disse a ela que ela vai morrer de câncer. Mas ela fez a opção. Mas onde eu estou em casa ela não fuma. Se nós estivermos aqui conversando, ela não fuma. No nosso quarto de dormir ela não fuma.
Folha - O senhor concorda que essa lei não vai pegar. Há 2.000 fiscais para 50 mil bares e restaurantes.
Maluf - Se não pegar é outro problema. Eu fui eleito pela população e depois a população vai julgar se eu governei pela maioria. Nós fizemos duas pesquisas. Deu que 75% querem que não se fume em restaurante e que 18% querem. Então eu tive a convicção de que eu estava seguindo a vontade da maioria.
Folha - Quando o senhor diz que se a lei vai pegar ou não é outro problema, o senhor parece agir como o ex-prefeito Jânio Quadros, que assinava leis apenas para aparecer na mídia.
Maluf - Esse não é meu caso. Eu sou um político que sabe que tem que seguir a vontade da maioria.

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