São Paulo, domingo, 26 de fevereiro de 1995
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O que indicam as águas de março

FIDEO MIYA
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado financeiro reinicia suas operações na quarta-feira de Cinzas, 1º de março, com a sinalização dada pelo Banco Central de que o juro primário da economia (overnight com títulos públicos federais) deve ficar estável no patamar de 3,2% no mês, equivalente a 43% ao ano.
Isso indica que, apesar de esperar um pequeno repique da inflação no terceiro mês do ano —o nono do Plano Real—, o governo considera o nível atual dos juros nominais suficiente para manter os investidores nas aplicações financeiras e para contentar os exportadores descontentes com a taxa de câmbio, por meio dos ACCs.
Ou seja, a equipe econômica do governo FHC parece estar convencida de que o aumento dos juros aumentaria os gastos com a dívida pública interna, sem conter a saída de dinheiro das aplicações financeiras para o consumo. Neste campo, limitou-se a melhorar a competitividade da poupança mexendo no redutor da TR.
Preferiu tentar refrear a demanda na economia com o segundo pacote anticonsumo do Plano Real, baixado na quarta-feira, cercando as fontes de recursos que sustentam as vendas a prazo dos lojistas —automóveis e eletrodomésticos— fora do sistema convencional de empréstimos bancários.
As últimas medidas atingem os consórcios, o leasing e os mecanismos de desintermediação financeira como os empréstimos concedidos pelos fundos de pensão e as compras de cheques pré-datados dos lojistas pelas empresas de "factoring".
Foram alcançadas também as operações de "securitização de recebíveis" feitas por estatais de energia elétrica, que levantavam recursos com a venda de fornecimentos futuros.
Embora pouco utilizadas, essas operações também permitem às empresas privadas obter capital de giro de longo prazo com a emissão de debêntures garantidas por créditos a receber de vendas a prazo futuras.
Na área do câmbio, o mercado continua convencido de que o governo vai esgotar todos os instrumentos disponíveis —recorrendo até mesmo a medidas mais drásticas para frear as importações— para obter o superávit na balança comercial sem desvalorizações acentuadas na taxa de câmbio no curto prazo.

Hoje, excepcionalmente, Luiz Carlos Mendonça de Barros não escreve nesta coluna.

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