São Paulo, domingo, 26 de fevereiro de 1995
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O trabalho rola solto nesta turma

CLAUDIA GONÇALVES

Quem está acostumado a ver zanzarem pelas ruas de São Paulo os night rollers (patinadores noturnos) vai pensar que eles trocaram a noite pelo dia. Médio. É que desde dezembro do ano passado uma turma de sete fanáticos adeptos dos patins in-line —aqueles com quatro rodas enfileiradas— levou o hobby para a hora do expediente. São os entregadores de rodinhas, contratados pela Casa Santa Sofia, loja que vende produtos importados à domicílio.
Com a mochila nas costas ou a sacolinha na mão, Jan Dario Oliveira, 27, Maria Eugênia Prates, 23, Jorge Batista, 35, Lídia Cunha Filipe, 19, José Reginaldo Oliveira Jr., 18, (os cinco da foto, da esquerda para direita), Gilmar Moreira Silvestre, 23, e Michael Cardoso de Oliveira, 21, esgueiram-se entre carros, motos e bikes e tiram de letra congestionamentos, calçadões, escadas e até elevadores. Tudo bem rapidinho: a velocidade média do povo é de 60 km por hora.
A nova estirpe de trabalhadores surgiu em fins do ano passado, durante uma greve de ônibus e metrô. "Eu tinha um monte de faturas para receber, mas a cidade estava parada. Foi aí que Maria Eugênia, minha filha, decidiu chamar seus amigos rollers para fazer o serviço", diz Sônia Maria Prates, dona da Santa Sofia. A coisa deu tão certo que, hoje, 90% das vendas da loja são entregues pelos patinadores. A única pedra no caminho dos sete ligeirinhos parece ser a chuva. Nesse caso, um ônibus sequinho vale mais do que quatro rodinhas molhadas.

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