São Paulo, segunda-feira, 27 de fevereiro de 1995
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Prestando contas à população

MIGUEL COLASUONNO

A democracia exige respeito às idéias e às posições diferentes das nossas. Na democracia, prevalece o voto (ou a vontade) da maioria. Na democracia, o patrimônio público municipal tem que ser preservado, como também a integridade física de cada vereador.
O Legislativo é um poder desarmado, assim como o Judiciário. Para que o exercício pleno da democracia não fosse truncado, devido à pressão de um grupo de servidores municipais, fui obrigado a agir de forma enérgica.
Se a Casa não consegue se reunir e votar livremente, como pode pretender assumir uma posição de defesa da população em suas legítimas reivindicações? Estou certo de que, com a atitude enérgica que tomei, o Legislativo cresceu no conceito da população. Agora, todos sabem que a Câmara Municipal de São Paulo não se assusta e nem se intimida com a pressão de grupos minoritários.
Embora não pretenda aqui entrar no mérito da proposição, objeto de tanta celeuma, posso assegurar que o povo evoluiu e entende o que é demagogia e o que é realidade. O Brasil mudou; e quem não percebeu vai ficar falando sozinho. O Brasil do real é outro país. O que vale é o voto. No grito ninguém leva!
É bom que se saiba que dentro do plenário da Câmara havia cerca de 50 pessoas, representando todas as entidades de classe do funcionalismo municipal. Alguns mais exaltados foram contidos por policiais que estavam ali exatamente para garantir a integridade física dos vereadores e assegurar o seu direito de votar conforme suas convicções partidárias e ideológicas.
As lamentáveis ocorrências externas foram consequência da insistência irresponsável de alguns servidores (e até de estranhos à causa) em tentar impedir os vereadores de votar. E a missão dos policiais era exatamente de garantir o direito de votar, ou seja, garantir o exercício pleno da democracia. Na ânsia de impedir a votação (e insuflados por alguns políticos demagógicos), populares queriam invadir o prédio da Câmara e forçavam o cordão de isolamento, obrigando os policiais a reagirem. Se houve algum excesso isolado, foi de ambas as partes. Os policiais foram muito provocados.
A Casa Legislativa é do povo. Mas tem um responsável. Responsável por sua integridade, conservação e continuidade. Não posso ser infiel depositário.
É importante que a população de São Paulo confie na independência da Câmara. As reivindicações populares serão sempre examinadas, debatidas e votadas livremente. Fiquem todos sabendo que os vereadores não abdicarão do direito de votar, independente de pressões físicas e psicológicas. Essas condições eu vou dá-las!

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