São Paulo, terça-feira, 28 de fevereiro de 1995
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Portela é 1ª a levantar a arquibancada

FERNANDO MOLICA
DA SUCURSAL DO RIO

A reconciliação com alguns de seus antigos integrantes —como Paulinho da Viola e a madrinha da bateria, Nega Pelé— fez bem à Portela. Há muitos anos a escola não apresentava um Carnaval tão animado quanto o mostrado na manhã de ontem no Rio.
O bom desfile fez a Portela voltar a ouvir das arquibancadas o grito de "é campeã". Isto não garante a vitória, mas já é um bom sinal para uma escola que não vence desde 1984.
O samba foi outro fator determinante para o bom desfile. Animados, os componentes da Portela superaram o peso das fantasias, a pouca inspiração de algumas alegorias e a falta de originalidade do enredo —semelhante ao apresentado no ano passado.
Para o favoritismo da Portela na primeira noite de desfile, encerrada ontem, contribuíram os erros do Salgueiro e os equívocos do carnavalesco Milton Cunha, da Beija-Flor.
Cunha pareceu ter-se contentado com o fato de ter levado a ex-cantora lírica Bidu Sayão, 90, para o Sambódromo. Não desenvolveu bem o enredo, abusou de cores fortes e ousou aparecer mais que a homenageada. Deve ter sido a primeira vez que um carnavalesco desfilou no alto de um carro alegórico.
Campeã em 93 e vice em 94, o Salgueiro cometeu erros primários: a comissão de frente desfilou com a fantasia incompleta e apresentou alegorias ainda não concluídas.
A boa surpresa foi a apresentação da Unidos da Tijuca, 13ª colocada em 94. A escola cantou melhor sua ópera que a Beija-Flor. O enredo, "Os Nove Bravos do Guarany", homenageou o compositor Carlos Gomes.
A escola apresentou alegorias leves, baseadas em esculturas feitas com espuma. Foram as mais criativas e bonitas da noite. O enredo simples foi bem contado e o samba cresceu ao ser cantado no Sambódromo.
A União da Ilha destacou-se mais pela ousadia da modelo Monique Evans do que pela sua apresentação. Mais uma vez a escola desfilou sem brilho e imaginação. Pareceu entrar em campo apenas para cumprir tabela.
A Império Serrano apresentou um desfile equivocado desde o início: projetado para brilhar à noite, o abre-alas, dominado por monitores de TV, não teve impacto durante o dia. O enredo sobre o tempo foi ilustrado de forma didática, e a escola cantou com algum entusiasmo um samba-enredo fraco. Faltou, porém, capricho nas fantasias e alegorias.

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Sobre o desfile nas págs. 3, 4, 5 e 8

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