São Paulo, terça-feira, 28 de fevereiro de 1995
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Gringos tomam desfile da Ponte

AZIZ FILHO; LÚCIA MARTINS
DA SUCURSAL DO RIO

LÚCIA MARTINS
O início do desfile de ontem no Rio transformou o Sambódromo em uma torre de Babel. Poloneses, alemães, japoneses, italianos, ucranianos e até "muambeiros" foram levados pela escola Unidos da Ponte para contar a história do Paraná.
Cerca de 450 imigrantes vieram daquele Estado para se misturar, com roupas típicas, a sambistas e mulatas. Tudo acabou em samba.
Logo depois foi a vez da Estácio de Sá entrar na avenida. Com um enredo comemorando o centenário do Flamengo, a escola entrou no Sambódromo com um dos sambas-enredos mais populares —seu refrão tem o "uh-tererê" das galeras funk.
O jogador Zico, que desfilou num carro alegórico, afirmou que estava muito feliz por "estar com a sua turma", os jogadores do Flamengo que conquistaram o campeonato mundial interclubes no Japão, em 81.
A comissão de frente da Unidos da Ponte representava 11 países dos quais descendem a maioria dos imigrantes.
A parte final do desfile foi dedicada aos "muambeiros", brasileiros que passam por Foz do Iguaçu para contrabandear produtos do Paraguai.
"Estou morrendo de calor", dizia, no calor de 31 graus da concentração, Ana Bersch, descendente de alemães e moradora de Marechal Cândido Rondon (sudoeste do Paraná), onde 80% da população descendem de alemães. Bebendo cerveja sem parar, os 24 descendentes de alemães da ala de Entre Rios, no centro-oeste paranaense, levaram até um estandarte com o brasão de sua região na Alemanha.
"O mundo inteiro vê o desfile e o pessoal do Danúbio vai reconhecer o símbolo", disse o coordenador da ala, Thomas Scherer, 36.
O desfile da Estácio de Sá, homenageando o centenário do Flamengo, já causava polêmica antes da apresentação da escola. Flamenguistas e antiflamenguistas chegaram cedo.
"Sou Flamengo até morrer", dizia, enrolado em uma bandeira, o padeiro Marcos Barbosa, 30, de São João de Meriti. "Vim só para vaiar a Estácio e depois, se estiver chato, vou embora", afirmava o botafoguense Carlos de Jesus.

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