São Paulo, terça-feira, 28 de fevereiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Polícia mata mais em janeiro

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O número de pessoas mortas pela PM em janeiro passado atingiu quase o dobro da média mensal registrada em 94.
Em janeiro, os policiais mataram 60 pessoas em supostos tiroteios no Estado de São Paulo. No ano passado, a média mensal foi de 34,4. O aumento é de 76,5%.
"Janeiro é um mês que o número de mortos sempre é maior", disse o major Jairo Paes de Lira, da Corregedoria da Polícia Militar.
As estatísticas da polícia de fevereiro ainda não foram concluídas para saber se a tendência de aumento persistiu.
Se a média for mantida, a PM deverá matar cerca de 720 pessoas em 95, contra 413 no ano passado.
Esse seria o maior número de pessoas mortas pela PM em um ano desde 92, quando houve o massacre de 111 presos no pavilhão 9 da Casa de Detenção.
No ano de 92, a PM matou 1.230 pessoas no Estado. Um ano depois, 319 pessoas morreram em supostos confrontos com policiais.
Após o massacre da Detenção, em outubro de 92, a Polícia Militar implantou um programa que ficou conhecido como "Rota Light", com objetivo de diminuir esse número de mortes.
O programa previa a obrigatoriedade de tratamento psicológico para todo policial que se envolvesse em tiroteios com mortes.
Vários policiais com processos por homicídio foram afastados da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) e o comando da PM passou uma recomendação para que seus homens só atirassem em último caso.
O resultado do programa foi elogiado pela Human Rights Watch (entidade internacional de defesa dos direitos humanos).
Mesmo assim, o programa enfrentou resistências dentro da Polícia Militar —no dia de sua adoção, os policiais da Rota chegaram a se recusar a sair do quartel.
A "Rota Light" foi abolida em outubro de 93 pelo então comandante-geral da PM, o coronel João Sidney de Almeida.
Ao tomar posse em janeiro deste ano, o atual comandante da corporação, coronel Claudionor Lisboa, afirmou que pretendia tornar novamente obrigatório o tratamento psicológico, que hoje é facultativo.
(MG)

Texto Anterior: Músico do Negritude Jr. se fere em acidente; Helicóptero cai no Rio e fere 2 pessoas
Próximo Texto: Vale do Ribeira registra quatro casos da doença
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.