São Paulo, terça-feira, 28 de fevereiro de 1995
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Empresas pedem moratória no México

DA REPORTAGEM LOCAL E DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Empresários mexicanos anunciaram ontem a criação de uma "frente de devedores" e se declararam em moratória de pagamentos para evitar uma quebra diante da taxa de juros, de 59% ao ano.
A "frente de devedores —tributários e financeiros" atua em sete Estados dos 31 existentes no país e foi formada devido à incapacidade das autoridades federais de solucionar a crise econômica, segundo declarações dos empresários ao jornal "El Financiero", informou a agência "France Presse".
Carlos Madrazo, presidente da Confederação Patronal da República Mexicana (Coparmex) no Estado de Tabasco, anunciou que sua entidade pedirá "no mínimo" uma moratória de seis meses para reestruturar suas dívidas e criticou a falta de solidariedade do governo.
No Estado de Querétaro, os empresários anunciaram também um amplo programa de suspensão de pagamentos e de falências para evitar o fechamento de postos de trabalho, segundo a "France Presse". Além dos juros menores, os empresários pedem a volta das bandas cambiais —hoje o câmbio é livre.
Na última sexta-feira, integrantes do grupo Barçon, que reúne agricultores e líderes de pequenas e médias indústrias, se apoderaram de agências bancárias no interior do país protestando contras as altas taxas de juros.
Há duas semanas, o grupo Sidek —construção e turismo—, anunciou moratória. Porém, antes que suas dívidas vencessem, foi socorrido pelo Banamex (Banco Nacional do México).
Os empresários estão se organizando em "frentes" para ampliar seu poder de pressão junto ao governo diante da iminência do novo pacote econômico, que está para ser anunciado esta semana. Os mexicanos temem medidas unilaterais que desestimulem a produção e elevem mais os juros.
Segundo o "El Financiero", os bancos terão de elevar suas provisões para perdas com empréstimos podres para 60% do total, frente aos 46,6% do final de 94, o que exigirá uma baixa contábil de no mínimo US$ 1,2 bilhão.
Também os 118 moinhos de trigo do país estão em situação delicada. Com a desvalorização do peso, o preço do trigo importado cresceu 50% e, além disso, suas dívidas de US$ 114 milhões vencem nos próximos cinco meses.
Economistas e empresários consideram que, caso não haja uma redução nos juros, em dois meses mais empresas poderão decretar moratória.
Mercosul
O governo mexicano estabeleceu contatos com os países do Mercosul para reiniciar a negociação de preferências comerciais que estavam suspensas desde janeiro.
Também ontem o Banco do México disse que vai mudar regras, em três ou quatro semanas, para permitir que opções e títulos futuros com base no peso voltem a ser negociados na Chicago Mercantil Exchange.
Em votação informal divulgada ontem, 97% dos 25.000 mexicanos da Cidade do México afirmaram que querem que o ex-presidente Carlos Salinas de Gortari enfrente julgamento junto ao Congresso por causa da crise.

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