São Paulo, terça-feira, 28 de fevereiro de 1995
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Evento falha na infra-estrutura

DA ENVIADA ESPECIAL

O entusiasmo nos preparativos para a abertura da Bienal é contagiante. O Museum Africa, em Newtown, no centro da cidade, transforma-se numa arena democrática. Artistas de vários cantos do mundo participam da montagem de obras de colegas e elegem um bar local como fórum para debates estético-políticos.
Apesar do orçamento nada desprezível desta Bienal —4,1 milhões de rands, o equivalente a US$ 1,25 milhão— e do tempo de preparo correspondente a um ano e quatro meses, problemas básicos de infra-estrutura perduram.
O maior deles é a falta de um espaço que pudesse expor todas as obras, como é o caso do edifício da Bienal paulistana. A solução encontrada aqui foi a utilização do Museum Africa, um museu de história da cultura local, que teve metade de seu acervo deslocado para receber os trabalhos da Espanha, França, Alemanha, Itália, África.
A maioria das delegações estrangeiras teve que ser acomodada num galpão, antiga fábrica de fios elétricos, agora apelidada de "Eletronic Workshop".
O galpão, onde estão as obras dos brasileiros Dudi Maia Rosa, Adriana Varejão e Marcos Coelho Benjamim, torna-se, surpreendentemente, o espaço mais original e promissor da mostra.
Tudo quase pronto, resta a mais essencial das questões. "Em meio a tanto questionamento político, haverá lugar para uma discussão realmente artística?" A pergunta é de Dudi Maia Rosa, dono de um trabalho intimista, não declaradamente engajado.
Ao que tudo indica, esta Bienal seguirá o claro viés do politicamente correto, da volta às obras de cunho narrativo, à utilização da arte como manifesto político.

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