São Paulo, quarta-feira, 1 de março de 1995
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Zedillo anuncia ajuda a empresários

DA REPORTAGEM LOCAL E DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente do México, Ernesto Zedillo, prometeu ontem socorro às empresas mexicanas em dificuldade financeira, em discurso na Câmara Nacional da Indústria de Transformação.
Ele disse que está em fase final de estudos pelo Banco do México (banco central) a criação de um mecanismo para indexar a dívida das empresas à taxa de inflação.
"Oferecer um respiro para as empresas mexicanas é necessário", disse o presidente.
A taxa de inflação no país subiu para 3,8% em janeiro e já acumula 7,1% nos últimos 12 meses, enquanto os juros anuais chegam à casa dos 59%.
Zedillo disse que o Banco do México vai criar um sistema de captação de recursos denominado "unidade de inversão", possibilitando a reestruturação das dívidas das empresas.
Em sua opinião, O Banco do México tem condições de dar suporte também ao setor bancário, caso seja necessário. Ele anunciou ainda a intenção de criar uma comissão para o pequeno e médio empresário.
O presidente antecipou outras medidas do pacote econômico que deve ser divulgado até o final desta semana: o aumento do Imposto de Importação sobre produtos de países com os quais o México não possui acordo de livre comércio e a definição de quotas de importação para produtos têxteis com similares produzidos no país.
A medida afeta sobretudo sapatos e artigos de couro em geral.

Devedores
Em todo o país vêm surgindo "frentes de devedores", que reúnem empresários e agricultores em moratória declarada.
Os empresários estão unindo forças para aumentar seu poder de barganha junto aos bancos e tentar influenciar o pacote do governo que deve sair esta semana.
Segundo Francisco Castro de la Cruz, conselheiro executivo da Organização Nacional de Usuários de Crédito, hoje, o montante de dívidas vencidas nos bancos já chega a US$ 10 bilhões.
"Esse valor pode dobrar, caso as taxas de juros permaneçam nesse patamar", disse.
Cruz quer negociar com os bancos uma saída pacífica para a incapacidade de pagamento dos pequenos e médios empresários.
Victor Valencia, conselheiro jurídico da Frente para a Defesa do Patrimônio e da Família dos Estados do Sudeste, outra organização que reúne devedores, enviou proposta de lei que está sendo analisada pelo Congresso.
Ele reivindica um prazo legal de quatro anos de moratória para as empresas com problemas de liquidez.
"Mesmo sabendo que essa medida possa representar um freio para a economia do país, a capacidade de pagamento dos devedores precisa ser respeitada", afirmou Valencia.
Ele defende que as empresas devedoras que já decretaram moratória paguem somente 10% de suas receitas aos bancos.

Investidores
Os investidores mexicanos esperavam para o último final de semana o anúncio de um novo plano governamental, que acabou não acontecendo.

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