São Paulo, quinta-feira, 2 de março de 1995
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"Fiz uma coisa horrível", diz segurança

ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO

O segurança Fernando Ribeiro Nepomuceno, 24, que confessou ter assassinado a estudante dinamarquesa Alice Christiansen, 19, disse ontem que cometeu "uma barbaridade".
"Fiz uma coisa horrível. Não sei onde estava com a cabeça", afirmou. "Não consigo comer, tenho um sabor amargo na boca. Eu acabei com a vida da minha família", afirmou Nepomuceno, que é casado e tem um filho.
Nepomuceno afirmou que não sentia nenhuma atração sexual pela jovem e que não tinha consciência de que iria matá-la.
Jack de Brito, delegado-titular da 19ª DP (Delegacia Policial), na Tijuca (zona norte do Rio), onde Nepomuceno está preso, afirmou que o caso está quase esclarecido.
Nepomuceno deve ser indiciado por homicídio qualificado. "Ele será indiciado por violento atentado ao pudor, se ficar comprovado que não houve conjunção carnal, seguido de homicídio e omissão de cadáver", afirmou o delegado.
"Foi um crime hediondo, de motivação sexual. Em princípio, ele tentou violentá-la, mas só os exames podem comprovar se houve estupro", afirmou Brito.
O delegado afirmou que concluirá o inquérito em um prazo inferior a 30 dias. Até lá, Nepomuceno cumprirá prisão provisória, decretada na última segunda-feira.
Nepomuceno afirmou que trabalhava para a empresa de segurança Golden Men e que nunca recebeu nenhum tipo de treinamento para trabalhar como vigia.
Ele disse que recebia R$ 205 por mês, "o suficiente para viver bem com a minha família", disse.
Junto com o segurança, que não tinha porte de arma, foi apreendido um revólver calibre 38. O delegado deve convocar o síndico do prédio para depor nesta semana.
Segundo Brito, o casal que hospedava a jovem pode acionar o condomínio do prédio, se ficar comprovado que o segurança trabalhava sem estar regularizado.
O pai da estudante, Bruno Christiansen, chegou ao Brasil às 6h15. Ele foi para a câmara mortuária do Aeroporto Internacional, onde o corpo de Alice estava sendo velado desde anteontem.
Depois de um culto luterano, o corpo de Alice foi levado às 12h56 para a geladeira do Hospital Universitário, na Ilha do Fundão (zona norte), para aguardar o traslado para Copenhague.

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